De portas abertas para seguir a vida: a Casa 1 e sua política com a rua

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Ramos, Jesser Rodolfo de Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-01072021-124650/
Resumo: Nesta dissertação analiso como uma multiplicidade de pessoas, desejos, afetos e urgências compõem cotidianamente os espaços da Casa 1. Localizada no bairro Bela Vista, região central da cidade de São Paulo, a Casa 1 é um Centro de acolhida para jovens LGBTQIA+ expulsos/as por seus familiares e também um Centro Cultural e uma Clínica Social frequentados por inúmeras pessoas. Explorando a política com a rua empreendida pela Casa 1, busco mostrar como esse lugar é composto à medida que múltiplas e imprevistas presenças exteriores passam a habitá-lo. Por meio da descrição da política de portas abertas e visíveis para a rua , mostro como a vizinhança produz uma série de vinculações com a Casa 1. Além desses vínculos com a vizinhança, a abertura das portas para a rua gera uma série de outros tipos de vinculações a partir das relações e apropriações estabelecidas por um exterior heterogêneo. Assim, como efeito dessa política com a rua, exploro como a composição da Casa 1 decorre de inúmeros tipos de coalizões que não se restrigem a uma politica identitária de acolhimento . Essa política de acolhimento é mostrada nos modos como os moradores e moradoras produzem diariamente o ambiente doméstico da república de acolhimento. A partir de suas narrativas, mostro como a intimidade desse local é construída por meio de relações amorosas , de brigas , de amizades e de grupinhos . Mostro também como a república é compreendida pelos e pelas jovens LGBTQIA+ como um espaço seguro que se contrapõe, assim, às imagens da casa da família e às experiências na rua. É por meio deste lugar seguro que a vida desses jovens começa a ser estruturada e mudada. Por fim, descrevo, a partir das memórias da casa da família e da rua, como desejos e corpos são negados, violentados e confiscados diariamente. Em contraposição a esses lugares, a presença da Casa 1, por meio de suas ajudas, permite que esses e essas jovens LGBTQIA+ passem a habitar de outras maneiras o presente e também a criar outras formas de elaborar o futuro. Essa dissertação é efeito dos meus encontros cotidianos forjados com a Casa 1, com os e as jovens LGBTQIA+ acolhidos e também com as múltiplas outras presenças que a compõe.