Avaliação neurofisiológica pré e pós-operatória em pacientes submetidos à cranioplastia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Nolêto, Gustavo Sousa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5138/tde-27042022-155550/
Resumo: Introdução: A craniectomia descompressiva (CD) é um procedimento que salva vidas. Muitas vezes, o acidente vascular encefálico isquêmico (AVEi) ou o traumatismo cranioencefálico (TCE) causam edema cerebral significativo e aumento da pressão intracraniana, que podem ser tratados com a CD. No entanto, esta pode causar anormalidades cosméticas e funcionais. A cranioplastia pode melhorar as disfunções neurológicas nesses pacientes paralelamente à melhora no fluxo sanguíneo cerebral, achado que não explica toda a fenomenologia envolvida. Não há dados sobre a integridade e a funcionalidade dos circuitos corticais e das vias de projeção somatossensoriais. Objetivos: Avaliar a excitabilidade cortical e os potenciais evocados somatossensitivos (PESS) antes da cranioplastia e após esta e sua correlação com os desfechos clínicos e neuropsicológicos; quantificar as alterações morfométricas e de radiodensidade encefálicas. Métodos: Coorte prospectiva incluindo pacientes vítimas de AVEi ou de TCE resultando em edema cerebral significativo com indicação de craniectomia descompressiva. Os pacientes foram avaliados antes e 6 meses após a cranioplastia em termos de: excitabilidade cortical (inibição intracortical de intervalo curto IICIC) com a técnica de estimulação magnética transcraniana (EMT); tempo de condução central com a técnica de potencial evocado somatossensitivo (PESS); habilidades visuoconstrutivas usando o Teste dos Cubos e as Figuras Complexas de Rey-Osterrieth; dependência funcional com o índice de Barthel e a escala de Rankin modificada e achados morfométricos por meio da tomografia computadorizada de crânio. Foram registrados dados demográficos, neurológicos e neuropsicológicos. Resultados: Foram avaliados 37 pacientes. Após a cranioplastia, houve melhora da funcionalidade de acordo com o índice Barthel (p = 0,013) e do desempenho neuropsicológico de acordo com o Teste dos Cubos (p = 0,010) e as Figuras Complexas de Rey-Osterrieth (p = 0,035). Achados semelhantes foram observados no subgrupo de pacientes com TCE. Os parâmetros neurofisiológicos da IICIC e o tempo de condução central não mudaram significativamente (p > 0,05), embora a IICIC tenha se aproximado dos valores normais. Foram observados aumento da espessura do lobo frontal ipsilateral à falha óssea (p = 0,019), redução do desvio das estruturas da linha média (p = 0,011) e maior evidência dos sulcos corticais (p = 0,031). Discussão: Este é o primeiro estudo que mostra diferenças nos circuitos corticais e nas vias de projeção somatossensoriais, evidenciando tendência de redução da inibição intracortical. Houve melhora significativa dos escores visuoconstrutivos, da arquitetura do parênquima encefálico como aumento da espessura do lobo fontal, diminuição do desvio da linha média e do efeito compressivo sobre as estruturas corticais. Este estudo forneceu dados adicionais para o conhecimento da fisiopatologia da recuperação neurológica após a cranioplastia. No futuro, esses achados podem ser incorporados aos fatores prognósticos para definir o potencial de recuperação neurológica induzida pela cranioplastia. Conclusão: Após a reconstrução craniana, houve uma tendência à normalização da IICIC e uma importante melhora dos escores visuoconstrutivos, da funcionalidade e da arquitetura parênquima encefálico. Os achados sugerem que a reconstrução craniana pode melhorar a recuperação neurofisiológica de modo semelhante à observada nos estudos cerebrovasculares