O tempo dos fantasmas de As 53 Estações da Yōkaidō: Mizuki Shigeru e Aby Warburg

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Job, Maria Ivette
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8157/tde-29072021-192451/
Resumo: No ano de 2008, Mizuki Shigeru (1922-2015) publicou no Japão As 53 Estações da Yōkaidō, uma obra em formato de livro que consiste na versão que o artista de mangá fez de As 53 Estações da Tōkaidō, de Andō Hiroshige. Através do recurso retórico do mitate, Mizuki colocou em marcha pela estrada que ligava Edo a Quioto os personagens que consagraram sua carreira, GeGeGe no Kitarō e sua turma. As imagens ukiyo-e são também palco da aparição de mais de duzentos yōkai, parte da compilação feita pelo mangaka durante uma vida de trabalho de resgate desses seres da cultura popular do Japão pré-moderno e de inserção dos mesmos nas mídias contemporâneas. A difusão cada vez maior dos temas ligados ao universo sobrenatural e fantástico japonês no Ocidente, por meio de uma vasta diversidade de meios culturais, soma-se à intensa veiculação de imagens no mundo atual. Com a demanda de nossa atenção, estudo e compreensão por aquilo que nos atravessa e forja subjetividades e discursos, essa pesquisa tomou como arquivo as 55 ilustrações de As 53 Estações da Yōkaidō, para investigá-las sob a égide do pensamento do historiador alemão da cultura Aby Moritz Warburg (1866-1929). O objetivo era estudar principalmente os conceitos warburguianos de pós-vida ou sobrevivência (Nachleben) e também das fórmulas de páthos (Pathosformeln) nas imagens dessa obra de Mizuki, na tentativa de responder, na medida do possível, ao desafio de decifrá-las, imposto em grande parte pelo anacronismo nelas presente. A desmontagem dos elementos das Estações selecionadas e o subsequente levantamento de seus conteúdos histórico-culturais, juntamente com a identificação dos jogos de força conflitantes - os quais fazem irromper o recalcado nos pontos de fratura dessas imagens - revelaram que em meio ao humor e ao lúdico jazem, artisticamente reapropriadas, sobrevivências fantasmagóricas de tempos imemoriais, atualizadas na história do Japão do século XX.