Taipas, canteiros e taipeiros: a diversidade dos trabalhadores e das arquiteturas de terra em São Paulo no século XIX

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Joaquim, Bianca dos Santos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/102/102131/tde-18072024-121722/
Resumo: Durante grande parte do século XIX, as construções com taipa de pilão dominavam a paisagem paulista. No entanto, apesar da importância histórica, pouco se sabe sobre os trabalhadores que executavam esta técnica ou sobre como atuavam nos canteiros de obras. Apesar disso, ainda nas fases iniciais da pesquisa, foi identificada uma variedade de personagens históricos associados às taipas: havia mulheres e homens, trabalhadores de ofício, negociantes e escravizados, eram negros, pardos, brancos. Nesse sentido, buscamos explorar as distintas histórias das taipeiras e taipeiros do Estado de São Paulo, no século XIX, a fim de revelar a diversidade dos personagens históricos que assumiam tal ocupação na época em que a taipa de pilão e o pau-a-pique eram as técnicas vigentes da cultura construtiva. Para tanto, por meio de pesquisa documental em arquivos históricos, atas de câmaras municipais e periódicos do século XIX, foi empreendida uma investigação para, além de identificar personagens associados à produção das taipas, desvendar os arranjos que envolviam os canteiros de obras do período. A compreensão do contexto em que atuavam permitiu identificar uma diversificada gama de agentes que influenciavam desde a contratação da obra e a aquisição de materiais até a divisão do trabalho e o andamento da construção propriamente dito. Desta maneira foi possível verificar que, conforme ocorre nos dias de hoje no Brasil, os pedreiros e carpinteiros assumiam diversas funções no canteiro de obras, e a execução das taipas estava entre elas. No entanto, nos parece que o fator de maior repercussão na invisibilidade dos profissionais taipeiros, ou mesmo os demais construtores, é a massiva participação de africanos e seus descendentes na construção civil. Desde a condição de cativos até a atuação como forros e livres, estes trabalhadores estiveram presentes nos canteiros de obras. A documentação, apesar de esparsa e rarefeita, confirma esta conjuntura. Sua devida investigação, ainda que tardiamente, traz ao debate o protagonismo do povo negro na história da construção do Brasil.