Deposição de imunocomplexos no tecido gengival na presença de periodontite e lúpus eritematoso sistêmico: análise microscópica e por imunofluorescência

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Pires, Julien Rodrigues
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/25/25152/tde-01102021-151752/
Resumo: O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune que se caracteriza pela formação de complexos antígeno-anticorpo que se depositam em diferentes tecidos, levando ao dano tecidual, incluindo os tecidos periodontais. Embora alguns estudos tenham demonstrado possível associação entre LES e doença periodontal, os mecanismos patogênicos envolvendo as duas condições ainda não foram esclarecidos. O objetivo primário deste estudo foi avaliar a deposição de complexos imunes no tecido gengival de indivíduos diagnosticados com LES comparativamente a indivíduos saudáveis sistemicamente. Foram incluídas no estudo 50 mulheres de 20 a 65 anos de idade, sendo 25 com diagnóstico de LES (grupo LES+) e 25 sistemicamente saudáveis (grupo LES). O exame periodontal incluiu as medidas de profundidade de sondagem (PS), nível de inserção clínica (NIC), índice de sangramento gengival (ISG) e índice de placa (IPl). A distância da junção cemento-esmalte à crista óssea alveolar (JCE-CA) foi avaliada em radiografias panorâmicas obtidas no exame inicial. Biópsias de tecido mole gengival dos primeiros quinze pacientes submetidos a tratamento cirúrgico periodontal, em cada grupo, as quais foram analisadas por microscopia ótica e por imunofluorescência direta para investigação da deposição de complexos antígeno-anticorpo. Não houve diferenças significantes entre os grupos (p> 0,05; Mann Whitney) em relação à idade, etnia, fumo, índice de massa corporal (IMC), consumo de anti-hipertensivos e anticoncepcionais orais. Onze pacientes (44%) apresentavam LES ativo (LES-A) e quatorze (56%) pacientes apresentavam LES inativo (LES-I), com diferenças significativas entre esses subgrupos em relação ao consumo diário de prednisona (p= 0,049; Mann Whitney), alterações no sistema respiratório (p= 0,03; Chi-quadrado), níveis elevados de anticorpos séricos anti- DNA (p= 0,02; Chi-quadrado) e diminuídos de C4 (p= 0,02; Chi-quadrado), com maior proteinúria no grupo LES-A (p= 0,008; Chi-quadrado). Piores condições periodontais (p< 0,05; Mann Whitney), especialmente nas medidas de P.S., NIC e ISG foram observadas no grupo LES. Menor NIC foi observado em pacientes que faziam uso de doses baixas (<10 mg/dia) de prednisona do que em participantes que utilizavam doses mais altas. Houve correlação negativa entre perda dentária e dose diária de prednisona no grupo LES-A (p= 0,038; teste de correlação de Spearman). Houve marcação por imunofluorescência significativamente maior de IgM (p= 0,03; Mann Whitney) e de complexos imunes de uma forma geral (p= 0,01; Mann Whitney) em biópsias gengivais no grupo LES+ do que no grupo LES. Os resultados obtidos sugerem que as condições periodontais de pacientes com LES são melhores do que aquelas observadas em pacientes sistemicamente saudáveis, provavelmente devido ao uso contínuo de imunossupressores. Pacientes com LES apresentam maior deposição de complexos antígeno-anticorpo no tecido gengival do que pacientes saudáveis sistemicamente, sugerindo que biópsias gengivais podem ser consideradas no diagnóstico complementar de LES.