Clínica, política e gestão do trabalho nos Centros de Atenção Psicossocial III: articulações e disjunções no cotidiano de trabalho

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Barros, Ana Carolina Florence de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-16092016-150334/
Resumo: Esta pesquisa buscou compreender, a partir da memória e da fala de trabalhadores de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), como se relacionam os eixos da Política, da Clínica e da Gestão no cotidiano de trabalho nestes dispositivos. A escolha destes eixos se justificou pela inscrição da Atenção Psicossocial (AP) no bojo do Sistema Único de Saúde (SUS), partilhando princípios ordenadores da clínica, como a singularidade e a autonomia, uma política de características universais e um modo de organização institucional que privilegia práticas de saúde centradas no sujeito com arranjos de trabalho que viabilizam um modo de assistência territorializada, singular, resolutiva e que promove a autonomia, centrada no sujeito e na saúde. Assim, os eixos elencados são recortes metodológicos deste estudo que permitem analisar a complexidade do cotidiano sob diferentes perspectivas, atentando para como se relacionam ou se desarticulam. O delineamento metodológico da pesquisa foi qualitativo: foram entrevistados cinco psicólogos trabalhadores há pelo menos dois anos em CAPS III em município do interior de São Paulo. As entrevistas foram gravadas e conduzidas a partir de pontos disparadores da memória. Posteriormente foram transcritas e analisadas a partir do recorte dos eixos e suas articulações. O sentido deste trabalho foi o de levantar, a partir do cotidiano e do discurso dos trabalhadores, possíveis entraves e dificuldades na construção da Atenção Psicossocial, buscando caminhos de análise que não se limitem ao âmbito assistencial, procurando colocar os sujeitos que narram suas trajetórias na história da construção de um modelo de atenção em Saúde Mental. Ademais, as categorias tradicionais da Reforma Psiquiátrica muitas vezes perdem o sentido no cotidiano e são apenas repetidas de forma ideológica, visto que a precarização do trabalho, a degradação da clínica e o esvaziamento de espaços políticos de militância são cada vez mais reais e interferem no nosso modo de fazer. A pesquisa apontou para a importância da escuta e da dimensão clínica na construção da AP, apontou que as condições de precarização do trabalho decorrentes do sub financiamento das políticas públicas de assistência no SUS afetam diretamente a assistência aos usuários de CAPS e, mostrou, através do relato dos entrevistados, a importância da gestão do trabalho privilegiando espaços de trocas coletivas e gestão compartilhada na construção dos casos clínicos