Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2014 |
Autor(a) principal: |
Albuquerque, Celina Matos de |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-16072024-154817/
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Resumo: |
Introdução: Os pênfigos representam doenças bolhosas autoimunes, geneticamente determinados por alelos HLA-DQ e -DR de susceptibilidade. Caracterizam-se pela produção de autoanticorpos da classe IgG contra desmogleínas (Dsg) - proteínas da família das caderinas, responsáveis pela adesão entre os queratinócitos -, e consequente acantólise intraepidérmica. São classificados em duas formas principais: pênfigo vulgar (PV) que acomete pele e mucosas devido à produção de anticorpos contra Dsg3 e Dsg1, respectivamente, e pênfigo foliáceo (PF), que acomete exclusivamente a pele por apresentar autoanticorpos anti-Dsg1. Cinco a 10% das células CD4+ do sangue periférico expressam CD25, e, destas, de 1% a 2% expressam níveis aumentados de CD25. Estas células têm propriedades reguladoras e são chamadas células Treg CD4+CD25high. Os linfócitos Treg naturais derivados do timo expressam constitutivamente, além do CD25, o gene Foxp3, e marcadores de superfície que não são específicos, mas auxiliam na caracterização dos mesmos, como CCR4 e CTLA4. As células T CD4+CD25high (Treg) têm a função de inibir clones de linfócitos autorreativos, tendo papel importante na autotolerância imunológica e modulação das respostas imunes. Em relação aos pênfigos, descreve-se redução de cerca de dez vezes do número de células Treg em relação ao total de células CD4+ em pacientes com PV, bem como da expressão de Foxp3, mas não em pacientes com PF, quando comparados aos controles normais. Objetivo: Verificar a expressão das Treg no PV e no PF. Material e Métodos: Foram incluídos 15 pacientes (8 PF; 7 PV) sem tratamento imunossupressor por pelo menos 60 dias antecedendo a coleta de sangue periférico ou biópsia de pele. Amostras de sangue de 12 pacientes (6 PF; 6 PV) e de 12 controles, pareados por idade, sexo e cor, foram submetidos à quantificação e fenotipagem de Tregs por citometria de fluxo, e amostras de 10 pacientes (5 PF; 5 PV) e de 10 controles pareados, ao ensaio de proliferação celular e cocultivo para investigar as propriedades funcionais das Treg. A determinação de alelos HLA- DQ e -DR foi realizada em 13 pacientes (6 PF; 7 PV). Para estudos de imunohistoquímica (IHQ) e microscopia confocal, coletou-se biópsias de pele lesada de 6 pacientes (4 PF e 2 PV), e de região perilesional de 5 pacientes (3 PF, 2 PV). Empregaram-se os testes de Kruskall-Wallis e Mann-Whitney, e de Friedman e Wilcoxon para a análise da quantificação das células imunomarcadas e da função das Tregs, respectivamente. Considerou-se significância estatística α=0,05. Resultados: No grupo PV, a mediana da porcentagem das células Treg CD4+CD25high foi de 1%; no grupo PF de 1,01%; e nos controles 1,57%, havendo diferença entre os três grupos (p=0,009), cuja comparação múltipla de Dunn resultou significativa entre PF e controles (p=0,05), assim como entre PV e controles (p=0,02). Ao se agrupar pacientes com PF e PV, comparados aos controles, a porcentagem de Treg CD4+CD25high foi menor no grupo dos pênfigos (p=0,0013), bem como de células T CD4+CD25highFoxp3+ e de CD4+CD25highCCR4+ entre os pacientes comparados aos controles (p=0,001 e p=0,04, respectivamente). Nos ensaios de proliferação celular, não houve diferença na capacidade de Treg de pacientes e controles em inibir a proliferação de PBMC em co-cultivo. O alelo HLA DRB1*01:02, o mais frequentemente relacionado à susceptibilidade ao PF na população brasileira, esteve frequente em 3/6 pacientes com PF desse estudo. Entre os pacientes com PV, o alelo DRB1*14:02 foi o mais frequente (o alelo 14 é descrito como de susceptibilidade em população brasileira), juntamente com o DQA1*03:01, descrito como alelo de susceptibilidade na população iraniana e de resistência ao PF na Tunisia (ambos observados em 3/7 pacientes). O HLA DQB1*03:02, associado à apoptose de Treg, confere susceptibilidade para PV e PF, e foi observado em 3 pacientes (1 PF e 2 PV) desse estudo. Dois desses pacientes tiveram Treg quantificadas no sangue periférico (2 PV), e dois, sua função analisada em ensaio de proliferação (1 PF ; 1 PV). Não foram observadas acentuação da redução de Treg no sangue periférico nem diferença na inibição de proliferação pelas mesmas. A análise microscópica da marcação imunohistoquímica para Foxp3 revelou a presença de infiltrado de células imunomarcadas, preferencialmente distribuídas na derme superior, observando-se infiltrado equivalente ao H&E. A distribuição de Foxp3+ foi semelhante nas 6 amostras (4 PF e 2 PV). Já as amostras de biópsia perilesional apresentaram imunomarcação para Foxp3 escassa ou ausente, porém com infiltrado inflamatório observado ao H&E. A microscopia confocal demonstrou dupla marcação CD4+CD25+, confirmando a presença de Treg, já sugerida pela marcação Foxp3+ na histoquímica. Conclusões: As células CD4+CD25high estão diminuídas no PF e no PV. Nos ensaios de proliferação celular, não houve diferença significativa na inibição de proliferação de PBMC pelas células CD25+ de pacientes e controles, sugerindo que a função das Treg esteja preservada nos pênfigos, apesar de reduzidas em número. O alelo HLA DQB1*03:02, presente em 3 pacientes (1 PF e 2 PV), relacionado à apoptose de Treg no diabetes mellitus, não esteve associado à acentuação da redução no número ou função das Treg. Células Foxp3+ encontram-se distribuídas preferencialmente na derme superior nas lesões de pênfigo, com imunomarcação escassa ou ausente nas amostras perilesionais, não correspondendo ao infiltrado inflamatório evidenciado ao H&E. A redução numérica das células Treg no PV e PF pode estar envolvida na fisiopatologia da autoimunidade dessa doença bolhosa. |