Tomasello em busca da singularidade humana: uma crítica naturalista inspirada pela filosofia de Wittgenstein

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Franco, Joana Bortolini
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-07082023-110343/
Resumo: O núcleo deste trabalho consiste em uma análise crítica da teoria de Tomasello a partir de uma perspectiva filosófica inspirada pelo pensamento de Wittgenstein. Os objetivos são apresentar uma abordagem original acerca da teoria de Tomasello e oferecer um acesso à filosofia tardia de Wittgenstein, tendo em vista os interesses da linguística. Além disso, tenho o intuito de exercer uma análise crítica que, se bem sucedida, irá promover essa inspiração naturalista e contribuir para um cenário mais interdisciplinar na investigação da vida humana. O naturalismo e as ciências cognitivas compõem o contexto amplo em que se situam as discussões deste trabalho. O escopo será fechado, de um lado, no tipo distintivo de naturalismo inspirado por Wittgenstein. De outro lado, o escopo será reduzido pelo foco em questões sobre a linguagem e o significado, a partir dos problemas e soluções apresentados por Tomasello. A filosofia de Wittgenstein fornece diretrizes metodológicas e um ferramental capaz de lidar com uma vasta gama de problemas conceituais relacionados à compreensão da linguagem e da mente humana. Ela também fornece uma visão inspiradora do ser humano e da natureza, uma que não nos apresenta como uma excepcionalidade a ser explicada, ou como entidades bipartidas em corpo e mente. A teoria de Tomasello suscita duas grandes questões sobre a linguagem e o significado que ocupam desde sempre a filosofia da linguagem. O problema do significado, que diz respeito ao emprego da língua para falar das coisas e pode ser identificado com as relações semânticas de referência e verdade. O problema da origem é uma condição lógica imposta às teorias naturalistas sobre o significado: para explicar a origem do significado não se pode pressupor o significado. A solução de Tomasello reside sobre o conceito de compreensão de intencionalidade, que, segundo ele, subjaz à cognição e comunicação humana e fornece uma base natural para a emergência do significado. Um dos objetivos de Tomasello é desintelectualizar os estudos sobre evolução e aquisição, incorporando na investigação os aspectos essencialmente sociais e interacionais da cognição. Mas, como pretendo mostrar, sua prática está aderida a uma imagem externo/interno da mente e à ideia de língua como veículo transmissor de informação entre mentes individuais. Essa imagem enviesada do ser humano, da língua e da interação, que Tomasello recebe da tradição intelectual, leva-o aos mesmos equívocos que ele denunciou em alguns de seus antecessores. Quando as investigações são orientadas por uma visão de como as coisas deveriam ser, e não de como elas de fato são, o risco é que a teoria se veja às voltas com uma necessidade de explicação engendrada pelo próprio mecanismo da teoria. O núcleo da minha argumentação será que a teoria de Tomasello está orientada por uma necessidade explicativa, nomeadamente: que precisa haver uma singularidade humana originária; que essa singularidade precisa ser mental, onde: mental é sinônimo de não-observável, não-observável é sinônimo de privado.