Fundamentação do processo de trabalho da terapia ocupacional em saúde coletiva: uma abordagem materialista histórico-dialética

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Godoy-Vieira, Aline
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7143/tde-13012022-114602/
Resumo: Introdução: O objeto deste estudo é a fundamentação do processo de trabalho em terapia ocupacional (TO), construída a partir da saúde coletiva latino-americana, filiada ao Materialismo Histórico-Dialético (MHD). A partir de Karl Marx e György Lukács, adotou-se particularmente a inflexão de Ricardo Bruno Mendes-Gonçalves para a saúde. A dimensão ontológica da teoria marxiana permite analisar as atividades humanas como processos de trabalho orientados por um fim, decompondo-os em seus elementos, relacionados entre si dialeticamente. Assim, torna-se possível uma análise pormenorizada de cada prática social, valendo-se das categorias que fundamentam a teoria referida. Objetivos: Compreender e sistematizar o processo de trabalho em TO no setor saúde, de acordo com o referencial da saúde coletiva latino-americana, fundada no MHD, além de sistematizar processo de construção coletiva de conhecimento sobre as práticas, como ferramenta de fortalecimento de trabalhadores em TO. Método: Pesquisa-ação emancipatória, com os eixos: a participação radical de todos os envolvidos, que significa compreender os participantes como pesquisadores internos em relação horizontal com os externos; a construção dialética de conhecimento, em diálogo entre realidade e teoria, experiência individual e determinações coletivas dos fenômenos analisados; e a transformação social, no sentido da superação do capitalismo. Foram realizadas dez oficinas emancipatórias, com dez terapeutas ocupacionais e análise da produção coletiva durante o percurso. Incorporou-se a categoria mediações como elemento metodológico de análise da totalidade social, com base em José Paulo Netto, Reinaldo Pontes e István Mészáros. Resultados: A pesquisa indica a atividade humana como objeto do processo de trabalho em TO, definida nos termos da categoria trabalho no referencial do MHD, que determina seu caráter dinâmico e complexo na mediação que realiza no cotidiano dos sujeitos. A contribuição singular da profissão para o trabalho emancipatório coletivo foi identificada como análise emancipatória das atividades humanas, através dos elementos dos processos de trabalho que as compõem e sua dialética. Identificou-se o produto final do trabalho em TO como a participação radical dos sujeitos acompanhados, reconhecidos como membros de uma classe social e ontologicamente coletivos, em sua singularidade, bem como considerando os impactos de suas relações sociais. Como ferramentas da prática, foram identificados quatro elementos metodológicos: a análise emancipatória da atividade humana, a proposição emancipatória de atividades, a operacionalização da participação radical e a intervenção sobre o tecido social. Compreendeu-se o cotidiano como o meio em que o processo de trabalho se estabelece, complexo da reprodução social, que é política e histórica. Conclusões: O diálogo entre a saúde coletiva latino-americana e a TO social reconhece a chamada questão social como parte do objeto de ambas, o que denota uma radicalidade em comum: a da assunção do papel emancipatório do trabalho coletivo. Defende-se que a especificidade da prática em TO no setor saúde está relacionada à análise emancipatória da complexidade de operacionalização da práxis social e seus impactos na determinação social da saúde. Análise e intervenção, ambas fundadas na dialética entre atividade humana e cotidiano, concretizado na participação radical dos sujeitos envolvidos, potencializam a composição da práxis revolucionária coletiva que, no horizonte da utopia concreta, gerará os meios para produzir uma nova sociedade.