Formação Poti (Carbonífero inferior) da Bacia do Parnaiba

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1995
Autor(a) principal: Góes, Ana Maria
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44136/tde-11022014-105309/
Resumo: Este trabalho refere-se a análise faciológica das rochas siliciclásticas da Formação poti (carbonífero Inferior) e das unidades limítrofes (fomações Longá e Piauí), tomando-se como base dados de superfície e de subsuperfície coletados, respectivamente, na borda leste e oeste (Poço 2-IZ-I-MA) da Bacia do Parnaíba. Os resultados deste estudo levaram ao reconhecimento de duas seqüências deposicionais distintas, separadas por discordância. A primeira seqüência inclui depósitos do topo da Formação Longá e base da Formação Poti (Grupo canindé). A segunda seqüência contém depósitos das porções basais da Formação Piauí (Grupo Balsas). A análise faciológica dos dados de superfície revelou que a seqüência Longá (topo)/Poti (base) é representada por depósitos plataformais, litorâneos e fluviais, os quais estão organizados em uma sucessão dominantemente progradante. O ambiente de plataforma é representado por pelitos laminados (lama de offshore), bem como por arenitos finos com estratificação cruzada hummocky, laminação truncada por onda e laminação plano-paralela (introduzidos pela ação de tempestades). Ambientes litorâneos são representados por depósitos de a) shoreface (arenitos finos a médios com estratificação swaley); b) tidal sand ridges (arenitos finos a médios com estratificação cruzada sigmoidal; c) planícies de maré (ritmitos com acamamento flaser, wavy e linsen) d) barras de foreshore (arenitos finos com laminação plano-paralela, fitobioturbados e com lineações de corrente) e e) laguna (siltitos e intercalações arenitos/siltitos com laminação plano-paralela). Os depósitos fluviais são constituídos por arenitos grossos a conglomeráticos com estratificações cruzada tabular e acanalada, interpretados como resultantes de migração de barras e dunas subaquosas em sistema do tipo entrelaçado. Estudo complementar da sequência referida acima, baseando-se em dados de subsuperfície, combinando análise faciológica de testemunhos (Poço 2-IZ-1-MA) com a correlação com outros poços, sugerem deposição em sistemas deltaicos com retrabalhamento por ondas e marés, o qual evoluiu, em parte, para estuário (topo da Formação Poti). Neste contexto deltaico-estuarino, as fácies mais proximais correspondem à Formação Poti e as mais distais à Formação Longá. A análise faciológica de parte da seqüência referente a base da Formação Piauí (Grupo Balsas) revelou depósitos de dunas eólicas, leques aluviais e de wadis, caracterizando um sistema desértico. A sedimentação Piauí foi desenvolvida em um cenário de progressiva de mudança de paleolatitudes, tendendo a bacia a condições climáticas cada vez mais quentes e áridas. Os litotipos rudáceos e a presença de depósitos perturbados evidenciam a presença de abalos sísmicos concomitantes com a deposição, os quais provavelmente, resultaram de movimentações tectônicas relacionadas às manifestações precursoras da agregação do Supercontinente Pangea, durante o Permiano O clima vigente durante a deposição da seqüência Poti-Longá era do tipo temperado, sem evidências de quaisquer influências glacial ou periglacial na sedimentação. Altas taxas de evaporação são sugeridas pela presença das seguintes feições: a) estruturas do tipo teepees, b) concreções de gipsita (\"rosa do deserto\"); c) pseudomorfos de minerais evaporíticos e d) crescimento secundário eodiagenético defeldspatos. Durante a deposição da seqüência sobrejacente, condições climáticas mais quentes e áridas prevaleceram, culminando com um período de intensa desertificação da bacia. Acredita-se que a tendência a climas cada vez mais severos possa ser atribuída a agregação do Supercontinente Pangea. A evolução sedimentar das duas seqüências referidas acima só pode ser entendida, considerando-se o quadro geotectônico da Província Sedimentar do Meio-Norte do Brasil, onde estas acham-se inseridas. Esta província, anteriormente considerada como unidade geotectônica única (isto é, Bacia do Parnaíba), apresentou evolução policíclica, o que permite compartimentá-la em diferentes bacias com gêneses e idades distintas (bacias do Parnaíba, das Alpercatas, do Grajaú e do Espigão-Mestre). A Bacia do Parnaíba, com área de 400.000km², representa porção remanente de extensa sedimentação intracratônica afro-brasileira. Três grandes ciclos transgressivos regressivos (correspondentes aos grupos Serra Grande, Canindé e Balsas) são reconhecidos. Estes depósitos acumularam-se do Siluriano até a continentalização da bacia no Triássico, refletindo a formação do Pangea. No Jurássico, em decorrência do início dos processos relacionados com a desagregação do Paleocontinente Gondwana, a região central da Província Sedimentar do Meio-Norte foi abatida, gerando um sistema de riftis denominado de Anficlise das Alpercatas. Este \"rifteamento\" atingiu uma área de 70.000km², onde sedimentos fluvio-lacustres (formações Pastos Bons e Corda) acumularam-se, formando uma sucessão de 200m de espessura. Rochas vulcânicas de idades jurássica a eocretácea (formações Mosquito e Sardinha) ocorrem em associação a estes depósitos. No Cretáceo, como resultado da abertura do Atlântico, a sedimentação foi deslocada pala novos sítios deposicionais. Ao norte, Bacia do Grajaú (área de 130.000km²) estabeleceu-se como resultado da fase de subsidência térmica, promovendo a acumulação de 800m de sedimentos eólico-lagunares (formações Codó, Grajaú e Itapecuru). Concomitantemente, uma area de 170.000km² subsidiu ao sul, resultando na Bacia do Espigão-Mestre, onde, pelo menos, 400m de depósitos fluvio-eólicos foram acumulados (Grupo Areado e Formação Urucuia).