A linguagem revelando o desenvolvimento do pesquisador na prática da Iniciação Científica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Santos, Thiago Jorge Ferreira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8146/tde-05082016-132904/
Resumo: Esta pesquisa teve como objetivo compreender o processo da Iniciação Científica (IC) enquanto um dispositivo de formação do pesquisador na graduação, analisando especificamente o modo como os textos produzidos ao longo da IC podem revelar o desenvolvimento do aluno-pesquisador. Dentre as pesquisas já realizadas sobre a IC, observamos que elas não mostraram a relação entre o pensamento a linguagem nesse percurso formativo. Por isso, tivemos, como objetivos específicos, verificar quais as marcas textuais que nos permitem compreender essa prática científica e de formação por meio da relação entre a linguagem e o pensamento. Para tanto, partimos da teoria do Interacionismo Social (VIGOTSKI, 2001, 2007, 2009) e de estudos contemporâneos acerca da teoria vigotskiana (FRIEDRICH, 2012), sobretudo da noção de funções psicológicas superiores linguagem e pensamento e sua relação na formação dos conceitos científicos. Em seguida, baseamo-nos na corrente do Interacionismo sociodiscursivo (BRONCKART, 1999, 2006, 2008a, 2008b, 2008c, 2009, 2011), que é uma atualização contemporânea do Interacionismo social e que tem entre seus objetivos estudar o papel da linguagem no desenvolvimento humano e na construção de saberes, com base emVigotski e outros autores. Como dados de pesquisa coletamos os textos que, obrigatoriamente, os estudantes devem produzir no contexto da IC, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Assim, foram coletados projetos de pesquisa, relatórios finais, apresentações orais de pesquisa com os respectivos resumos de três estudantes do curso de Letras, na habilitação de Português/Francês. Esses dados foram analisados por meio dos níveis de análise textual e discursiva proposta por Bronckart (1999) e os resultados foram discutidos por meio dos sistemas linguageiros, assim como abordados por Bronckart (2008b) e Bota (2011), pelos quais toda produção linguageira sofre três tipos de restrições: social (incluem-se aqui os mecanismos enunciativos como as vozes e as modalizações), psicológica (restrições impostas pelo uso dos tipos de discurso) e lingüística (restrições impostas pelo uso dos conectores e da coesão verbal e nominal). Como resultado da pesquisa, encontramos uma dinâmica específica entre os tipos de discurso e o gênero textual produzido, pois, a cada etapa da pesquisa, os gêneros determinavam a escolha de determinado tipo de discurso. Também verificamos que a coesão nominal pode nos fornecer resultados importantes para a análise do posicionamento do autor empírico no texto, ou seja, a emergência de um posicionamento de pesquisador. Ademais, encontramos dois tipos de vozes no decorrer da Iniciação Científica: a voz do estudante e a voz do pesquisador. A primeira, identificada nos projetos de pesquisa, tem a função de organizar a pesquisa segundo uma ideia central advinda da experiência das estudantes enquanto graduandas em Letras, na habilitação de Português/Francês. A segunda voz, delimitada nos textos finais das pesquisas, o relatório final e a apresentação oral, é a voz do pesquisador, a qual busca a regularidade nos resultados das pesquisas e os nomeia, dando-lhes um contorno conceitual por meio de uma generalização.