Utilização de proteínas recombinantes do vírus Zika no desenvolvimento de métodos de diagnóstico e aplicações vacinais.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Pereira, Lennon Ramos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
NS1
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42132/tde-17032022-104732/
Resumo: A infecção pelo vírus Zika (ZIKV) tem caráter agudo e autolimitado. Entretanto, parte dos indivíduos infectados apresentam manifestações neurológicas graves incluindo, a Síndrome de Guillain-Barrée e a Síndrome Congênita do Zika (CZS). Apesar de mais de 70 anos de estudo, não existem métodos terapêuticos ou profiláticos específicos para o ZIKV. Além disso, a elevada similaridade antigênica entre o ZIKV e outros arbovírus torna imprescindível o estabelecimento de ensaios sorológicos que permitam diferenciar efetivamente a infecção prévia por estes vírus. Neste contexto, o presente projeto teve por objetivo obter e avaliar a especificidade sorológica e potencial vacinal de formas recombinantes do domínio III da proteína do envelope (EDIII ZIKV) e da proteína não estrutural 1 do ZIKV (NS1 ZIKV). As proteínas recombinantes propostas foram expressas em sistema procarioto, purificadas e validadas quando à preservação da antigenicidade. Adicionalmente, um fragmento da proteína NS1 ZIKV, denominado &#916NS1 ZIKV, foi desenhado por análise computacional com base na reduzida homologia de sequência e estrutural comparada à região correspondente da NS1 de DENV1-4. Uma vez obtidas, as proteínas foram utilizadas como antígenos de fase sólida na padronização de protocolos de ELISA visando a detecção específica de anticorpos IgG anti-ZIKV. Os resultados obtidos demonstraram que a implementação da proteína &#916NS1 ZIKV, mas não da EDIII ZIKV, reduziu significativamente a detecção de anticorpos de reatividade cruzada direcionados a outros Flavivirus, em especial ao DENV. Além disso, a especificidade observada foi correlacionada com a presença de epítopos conformacionais termolábeis na &#916NS1 ZIKV. Diante dos resultados promissores, o protocolo de ELISA baseado na proteína &#916NS1 ZIKV (ELISA ZIKA-v IgG) foi adaptado e transposto para condições de um kit comercial em uma parceria público-privada. A validação do ELISA ZIKA-v IgG frente a painel de soro humano demonstrou especificidade e sensibilidade de 94,12% e 90,7%, respectivamente, para o qual a comercialização foi aprovada pela ANVISA. Além disso, formulações vacinais baseadas nas proteínas NS1 e EDIII ZIKV, em associação com diferentes adjuvantes (Alum, LT-B ou Poly [I:C]), foram testadas em modelo murino. Embora imunogênicas, as mesmas não foram capazes de conferir imunidade protetora frente ao ZIKV. Por fim, utilizamos de forma inédita uma estratégia de vacina de DNA (pgDNS1-ZIKV) baseada na expressão da proteína NS1 ZIKV geneticamente fusionada à glicoproteína D do vírus Herpes Simplex Tipo I (gD HSV-1). Interessantemente, esta abordagem foi capaz de melhorar a indução de respostas imunológicas humorais e celulares NS1-específicas, bem como aumentou a eficácia protetora frente à infecção pelo ZIKV. Assim, com o conhecimento gerado a partir desse trabalho esperamos contribuir para o melhoramento dos métodos de sorodiagnóstico e as estratégias vacinais baseadas em vacinas de DNA direcionadas ao ZIKV.