Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2012 |
Autor(a) principal: |
Alcântara, Luciana Inácia de |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17148/tde-13082012-220948/
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Resumo: |
O consumo de álcool durante a gestação tem sido associado a alterações no desenvolvimento físico, neurológico e comportamental da criança, sendo que muitas das consequências sobre o desenvolvimento infantil apresentam ampla variação em extensão e gravidade. Os efeitos podem variar desde uma relativa normalidade até a morte perinatal e Síndrome Fetal do Álcool (SFA). No presente estudo foi avaliado o desenvolvimento cognitivo de crianças em idade escolar em relação ao padrão de consumo de álcool materno. Foram avaliadas oitenta e seis crianças de 8 a 9 anos de idade cujas mães (N = 449) haviam sido entrevistadas em 2001 durante o terceiro trimestre de gestação sobre o padrão de consumo de álcool e outras substâncias psicoativas, em um serviço obstétrico municipal da rede pública. Para avaliação cognitiva do grupo de crianças na idade escolar foi utilizada a Escala de Maturidade Mental Columbia (EMMC). O grupo constituído pelas mães ou cuidadores respondeu a um questionário sobre as condições sociodemográficas, saúde geral, e uso materno de álcool durante a gestação e recente. Foi realizada uma anamnese sobre o desenvolvimento neuropsicomotor e condições clínicas pregressas e atuais da criança. Foi utilizado o Child Behavior Checklist (CBCL 6-18 anos) para a identificação de problemas de saúde mental na infância. Resultados mostram que, em relação à avaliação cognitiva das crianças, o RPI (resultado padrão por idade) variou de 64 a 134, com valor médio de 99,95 (± 16,01) e mediana de 103. Associação estatisticamente significativa foi observada entre os escores de RPI acima de 99,95 e maior idade materna e maior peso ao nascimento (p = 0,01 e 0,05 respectivamente). Diferença significativa também foi observada em relação ao número de filhos. Crianças com famílias com três ou mais filhos apresentaram RPI médio de 106,4 versus RPI de 99,10 para aquelas com famílias com menos de três filhos (P=0.04). Separando a amostra por gênero, observamos escores médios menores na Escala de Maturidade Mental Columbia em meninos filhos de mães que declararam cor mulata ou negra (p = 0,02), que fizeram uso em dias de qualquer quantidade de álcool na gestação maior que a média (p = 0.01) e também naqueles em que as mães usaram três ou mais doses de álcool por ocasião durante a gestação acima da média (p < 0.0001). Não foram observadas diferenças significativas para as outras variáveis analisadas. Em relação aos problemas de comportamento quando avaliados pelo CBCL, diferenças significativas foram observadas em relação ao uso de álcool durante a gestação no 2º, 3º trimestres e uso nos três trimestres com dados do GESTA-ÁLCOOL (p = 0,05, p = 0,01 e p = 0,02 respectivamente) e no 1º trimestre da gestação (p = 0,05), uso de qualquer quantidade de álcool em dias acima da média (p = 0,01), uso de três ou mais doses por ocasião acima da média (p = 0,05) com dados do INFANTO-ÁLCOOL. Foram observadas também diferenças significativas em relação ao uso atual de tabaco (p = 0,006), religião (p = 0,03) e escores médios de RPI da Escala de Maturidade Mental Columbia (p = 0,002) e escores de RPI um desvio-padrão abaixo da média (p = 0,03). Não foram observadas diferenças de média para nenhuma das outras variáveis analisadas. O uso leve/moderado de álcool na gestação esteve associado ao menor desempenho cognitivo e problemas comportamentais totais, especialmente em meninos. Estudos controlados com um número maior de casos e a introdução de marcadores biológicos de exposição ao álcool na gestação são necessários, a fim de possibilitar uma detecção precoce dos efeitos adversos, uma melhor compreensão da gravidade e da extensão dos danos no desenvolvimento cognitivo e identificação de funções cognitivas específicas que possam ser mais afetadas pela exposição pré-natal ao álcool, propiciando uma intervenção precoce nos possíveis déficits encontrados. |