Sistemas agroflorestais dirigidos pela sucessão natural: um estudo de caso

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1999
Autor(a) principal: Peneireiro, Fabiana Mongeli
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11142/tde-20220207-205206/
Resumo: Um sistema agroflorestal (SAF) orientado pela sucessão natural, na região de Floresta Ombrófila Densa Sub-montana, no sul da Bahia, Brasil, foi testado e discutido como uma estratégia de recuperação de solos degradados e também como um sistema de produção sustentável com grande potencial para substituir o modelo agrícola atual, que tem se apresentado muito impactante ambientalmente, socialmente e culturalmente. Neste trabalho realizou-se uma comparação entre uma área de SAF com 12 anos de manejo (Al2) e uma área em pousio (AO) de mesma idade, histórico e características ambientais, para identificar os efeitos do manejo de um SAF dirigido pela sucessão nos parâmetros vegetacionais ( florística, fitossociologia e sucessão) e edáficos (serapilheira, solo e macrofauna edáfica). Foi realizado o levantamento florístico e fitossiológico em duas áreas de 0,5 ha cada (denominadas A12 - SAF e AO - Capoeira), as quais foram subdivididas em parcelas de 20m x 10m e 35m x 14,3m, respectivamente, para identificação dos parâmetros vegetacionais comurnente empregados nesses trabalhos. A similaridade florística entre as áreas estudadas foi verificada através do índice de Jaccard, cuja matriz foi usada em análises de classificação e ordenação. Foram levantados também dados relativos à análise química do solo e da serapilheira, para as duas situações comparadas (SAF e Capoeira). A macrofauna presente na serapilheira e nos primeiros 5 cm de solo também foi coletada. O solo foi analisado a partir de 25 amostras compostas, para as três profundidades (0-5, 5-20 e 40- 60 cm) e a serapilheira foi amostrada nos mesmos pontos, coletando-se o material de 0,25 m2 por ponto. A vegetação das duas áreas estudadas AO - Capoeira e Al2 - SAF mostraram-se distintas tanto floristicamente como na estrutura fitossociológica. A composição florística mostrou que a área de SAF (Al2) era mais avançada sucessionalmente que a de Capoeira, com destaque em densidade das famílias Mimosaceae, Lauraceae e Caesalpiniaceae. Na área de Capoeira (AO) a família de maior destaque em densidade foi a Melastomataceae. A área A12 (SAF) apresentou maior diversidade e eqüabilidade que a AO (Capoeira). A análise química do solo foi diferente entre as áreas, com destaque ao fósforo, que na área A12 apresentou aproximadamente 7 vezes mais P2O5 na profundidade de 0 - 5 cm que a área AO e de 4 vezes mais para 5 -20 cm. A área A12 apresentou V% de 83% enquanto que a AO apresentou 41%, na profundidade de O - 5cm. Quanto aos resultados relativos à serapilheira, apesar do peso seco do folhedo não ter apresentado diferença estatística para as duas áreas, quimicamente a área Al2 mostrou teores de nutrientes na serapilheira muito superiores se aos da área AO, exceto para o cálcio e enxofre, que foram semelhantes. A macrofauna edáfica das duas áreas também foi diferente, sendo que a área A12 apresentou-se sucessionalmente mais avançada, com predominância de saprófitas, enquanto que na Capoeira houve predomínio de predadores. O manejo da vegetação, com destaque às podas regulares, foi apontado como sendo o grande responsável pelas diferenças entre as áreas AO e A12, conduzindo a área manejada para uma condição sucessional mais avançada, com maior oferta de matéria orgânica com maior concentração de nutrientes, condicionando dinamização da ciclagem de nutrientes e da vida no sistema. Constatou-se que o SAF em questão transformou área de solo distrófico em uma área produtiva, com alta fertilidade, em 12 anos de manejo, mostrando-se como uma alternativa promissora para a recuperação de solos degradados, além de se constituir num sistema de produção sustentável para os trópicos úmidos, sem a utilização de insumos externos.