Aí, daí e então em Campo Grande e São Paulo: análise sociofuncionalista no domínio da causalidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Vieira, Marília Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-16082016-154115/
Resumo: Fundamentada na interface entre a Sociolinguística (Labov, 1978; 2008 [1972]; 2001; Lavandera, 1978) e as teorias de gramaticalização, (Halliday, 1985; Hopper & Traugott, 1991; Givón, 1995), esta tese investiga o uso variável dos itens aí, daí e então em contextos de causalidade (no domínio referencial - Sweetser, 1991), o que posiciona este trabalho no quadro de estudos sociofuncionalistas (Naro & Braga, 2001). Os dados foram extraídos de 48 entrevistas sociolinguísticas com nativos de Campo Grande (capital do Mato Grosso do Sul) e 48 com paulistanos (nativos da cidade de São Paulo e parte do córpus do Projeto SP2010: Construção de uma amostra de fala paulistana). Tais amostras foram estratificadas de acordo com as variáveis sexo/gênero, faixa etária (20-35; 35-59; 60 anos ou mais) e nível de escolaridade. Depois de descrever a trajetória de gramaticalização das três formas, esta tese examina os grupos de fatores que se correlacionam com seus empregos na expressão da causalidade referencial. As variáveis linguísticas são: sequência discursiva (narrativa, descritiva, expositiva e argumentativa), status da informação (velha, inferível, nova), gradiência do tópico discursivo (intratópico, intertópico), aspecto lexical (duração, telicidade, dinamismo) e aspecto gramatical (perfectivo, imperfectivo, resultativo e indeterminado). As análises revelam que então é a forma preferida em ambas as cidades (embora seja ligeiramente mais frequente em São Paulo, esta não é uma diferença estatisticamente significativa). Esta forma também é favorecida entre os falantes de nível universitário, em ambas as cidades, o que sugere que é possivelmente avaliada como a mais prestigiosa entre as três (seguindo a hipótese inicial, com base em gramáticas tradicionais, como Cunha & Cintra, 2001). No entanto, não existe uma correlação entre sexo/gênero e esta variável (ao contrário da tendência esperada de que as mulheres preferissem então, relativamente aos homens). Este fato permite um debate em torno do conceito de prestígio, quando se trata de variáveis discursivas. Além disso, não foram selecionadas exatamente as mesmas variáveis na análise de cada amostra: nível de escolaridade e aspecto gramatical são estatisticamente significativas para ambas as capitais; faixa etária foi selecionada para São Paulo (mas não para Campo Grande), enquanto sequência discursiva foi selecionada para Campo Grande (mas não para São Paulo). Na fala paulistana, então é a forma desfavorecida entre os informantes da segunda faixa etária, o que pode ser interpretado como um indício de uma mudança no estatuto social de aí e daí. No geral, os resultados sugerem que, embora então seja a forma preferida, a variável em foco é condicionada de modo diferente nas duas comunidades.