Crise e reestruturação produtiva na grande empresa têxtil do médio vale do Itajaí

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Raulino, Ivo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-19012009-163357/
Resumo: Após o período de abertura comercial ocorrido a partir de 1990, tem-se observado um amplo movimento de reestruturação produtiva no país, com implicações econômicas, sociais e espaciais. No Médio Vale do Itajaí, estas modificações também vêm sendo observadas. Desta forma, a pesquisa procurou detectar as causas, avaliar as conseqüências, principalmente do ponto de vista de uma nova organização produtiva do espaço. Como agente principal desse processo, considerou-se a grande empresa têxtil. Para tanto, procedeu-se a um amplo levantamento de informações junto as principais empresas têxteis e do vestuário da região em consideração, que posteriormente foram agregadas com o intuito de permitir estabelecer algumas conclusões, a respeito do que efetivamente vinha ocorrendo. Além disso, análises considerando-se as grandes empresas também foram realizadas. Dentre as principais informações que se levantou estão a produção individual das empresas, que foram agregas, dados referente aos níveis de empregos, exportações, importações, etc. Além das informações de natureza quantitativa, procurou-se também levantar informações de natureza qualitativa, que devidamente consideradas, permitiram estabelecer as causas determinantes do processo de reestruturação produtiva observado na região. Como ponto de partida do processo de mudanças no cotidiano das grandes empresas, contestou-se a tese que atribuía a abertura comercial papel preponderante como nas transformações espaciais e econômicas que ocorreram na região. Propõe-se uma análise considerando-se a queda da rentabilidade do capital como causa determinante do processo. Desta forma, dado a natureza do tipo de atividade, ou seja, a têxtil vestuarista, constatou-se de que o processo de reestruturação, além de implicar em fortes investimentos tecnológicos, envolveu também a desverticalizaçao da produção, na sua forma de terceirização, implicando, portanto, numa dimensão espacial do processo. Além de forte desemprego num primeiro momento, fruto de uma reorganização da produção em nível de cada empresa, houve também desativações de linhas de produtos, criação de novos produtos, bem como uma forte flexibilização das relações capital trabalho, com implicações significativas sobre os salários pagos na região. Após esse amplo ajuste ocorrido, verificou-se um crescimento ainda maior nos níveis de produção, não obstante as importações ainda estivessem ocorrendo, apontando claramente de que o processo não tinha nenhuma correlação. Paralelamente a uma maior introdução de novas tecnologias, na sua forma de máquinas e equipamentos mais modernos, observa-se também o resgate de antigas formas de organização da produção, como o trabalho a domicilio, evidenciando que o processo de modernização, neste caso em particular, não pode prescindir de utilizar-se de expedientes que já eram considerados como arcaicos, ultrapassados. O capital, na sua busca por intensificar a mais valia, visando ampliar a acumulação, não deixa de recorrer a antigas técnicas e expedientes quando lhe for conveniente. Diante disto, o fenômeno da reestruturação produtiva ocorrido na região implicou numa ampla reestruturação do espaço, incorporando, via forte terceirização de partes do processo, principalmente a parte de costura, novas regiões produtivas, algumas das quais muito distantes do Médio vale do Itajaí.