Estratégias de atenção a pessoas idosas LGBTQIA+ em ILPI na cidade de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Torelli, Wellington Ricardo Navarro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100141/tde-02082023-115950/
Resumo: Introdução: O envelhecimento da população em escala mundial se reflete na maior necessidade de políticas públicas específicas para as pessoas idosas em níveis nacional e internacional. No entanto, grupos minoritários da população idosa ainda padecem de relativa invisibilidade em determinados contextos, sendo vítimas de preconceito e discriminação múltipla, como é o caso das pessoas LGBTQIA+. No Brasil, onde predomina uma cultura cis-heteronormativa, pessoas idosas LGBTQIA+ são negligenciadas em seus direitos e podem ser invisibilizadas nas Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI). Objetivos: identificar e discutir estratégias de atenção para pessoas idosas LGBTQIA+ nas ILPI conveniadas com o município de São Paulo. Método: estudo qualitativo, exploratório e descritivo, com revisão de literatura do tipo scoping review e coleta de dados através da técnica de grupos focais online com roteiro de perguntas semidiretivas. Este estudo qualitativo utilizou-se de revisão de literatura com busca nas bases AgeLine, Portal de Periódicos CAPES, SciELO, Portal USP e HeinOnline de setembro de 2021 a fevereiro de 2022 para selecionar artigos publicados sem delimitação temporal com os descritores Prejudice, Nursing home, Sexual and Gender Minorities, LGBT*, Homes for the aged e Long-term Care e os seus correspondentes em português instituição de longa permanência, LGBT*, preconceito, e minorias sexuais e de gênero. Os grupos focais foram realizados com gestores de ILPI conveniadas com o Município de São Paulo ou profissionais por estes indicados. Resultados: Na revisão scooping review de um total de 642 artigos iniciais, 31 compõem a amostra final. Foram identificadas quatro categorias e 11 subcategorias que delimitam atores, causas, efeitos e soluções. Constatou-se que ainda as ILPI suscitam desconfiança e medo da população idosa LGBTQIA+ por conta do histórico de discriminação e preconceito com essa população não só por parte da sociedade, mas também das equipes de saúde e assistência social destes equipamentos, pois ainda necessitam de capacitação e treinamento para melhor atender essa comunidade em suas especificidades. Nos grupos focais online as discussões revelaram entre outros achados, a necessidade de adoção de formulários e formas de tratamento de pronomes e nomes sociais dentro deste equipamento pelas equipes. Também mostrou-se a necessidade de estímulo a contratação de funcionários LGBTQIA+, bem como maior contato com instituições simpáticas a esses grupos para aumentar a segurança não só destes funcionários de qualquer tipo de agressão por parte dos residentes, como também suscitar confiança dos idosos LGBTQIA+ ainda temerosos de vivenciar sua identidade ou orientação sexual dissidente. Conclusão: Falta de vivência com pessoas LGBTQIA+, crenças morais e religiosas e até mesmo o idadismo imposto à sexualidade idosa na sociedade são alguns dos motivos apontados neste estudo para manutenção do preconceito que condena pessoas idosas LGBTQIA+ à invisibilidade. Por conta disto, sugere-se uma série de recomendações de cunho organizacional às instituições, como garantia de abrir espaço à diversidade nas políticas públicas, desde reformulação de formulários de identificação, adaptação de espaços, banheiros plurais, privacidade de quartos a casais, até mesmo treinamentos e capacitação interna contínuas nas próprias ILPI, como forma a reformular a visão destes locais como um espaço acolhedor e receptivo a esta população marginalizada e fragilizada.