Ordem e contingência em Kant: teologia e natureza no Único Fundamento e na Crítica da Razão Pura

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Sarto, Giovanni
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-02082024-153609/
Resumo: A presente dissertação tem o objetivo de explicitar a relação existente entre os conceitos de ordem e contingência nos escritos de Immanuel Kant. Para tanto, as obras elegidas são o Único Fundamento de prova para uma demonstração da existência de Deus (1763) e a Crítica da Razão Pura (1781/1787), com especial atenção para três capítulos distintos, a Anfibolia dos conceitos da reflexão, o Ideal da Razão Pura e o Apêndice à Dialética Transcendental. Por sua vez, esses conceitos serão analisados sob o ponto de vista da injunção entre teologia e natureza. Desse modo, trata-se de um estudo temático que busca destacar uma articulação conceitual específica, que nem sempre é explicitada pelo autor. Nesse sentido, o trabalho tem um aspecto narrativo e comparativo, embora não privilegie a linearidade temporal, mas sim a continuidade temática. A problemática geral a ser tematizada pode ser sumarizada da seguinte forma. Mostrou-se como, no Único Fundamento, o conceito de ordem natural aparecia vinculado ao ser de Deus. Na sequência, argumentou-se que o Ideal da Razão Pura efetua o esvaziamento ontológico do conceito de Deus, de modo a tornar possível a seguinte pergunta: como pensar, nessa nova conjuntura, o fundamento da ordem da natureza? Para fazer da ordem natural uma consequência necessária do ser de Deus, o Único Fundamento a havia desvinculado da vontade divina, signo da contingência da existência das coisas. Doravante, na Crítica da Razão Pura, sem o recurso ao transcendente, a pergunta pela ordem da natureza se traduz na seguinte: como pensar a natureza como um sistema concatenado e não como um agregado contingente de partes? Nesse sentido, trata-se de mostrar, no que concerne à relação entre teologia e natureza, que o pensamento kantiano se inclina na direção de atenuar a importância do par necessidade/contingência em favor do par ordem/contingência. Nesse ínterim, situam-se teses fundamentais de seu pensamento, bem como a sua contraposição a filósofos notórios, especialmente Leibniz. Por identificar que na obra do filósofo de Hannover pode ser encontrada uma articulação bastante específica entre os conceitos de necessidade e contingência, que será, posteriormente, gradativamente desfeita por Kant, optou-se por fazer da contraposição entre ambos um fio-condutor para a exposição. Apesar disso, as análises do pensamento e das teses de Kant se baseiam numa leitura estrutural e atenta de seus próprios textos, com amparo e revisão da bibliografia especializada, quando pertinente