Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2007 |
Autor(a) principal: |
Silva, Fernando Oliveira |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/91/91131/tde-05062007-113636/
|
Resumo: |
Ao longo dos tempos, os cetáceos têm estado metaforicamente próximos à espécie humana o que tem revelado uma inter-relação ambígua, uma vez que podem evocar imagens de inteligência e mistério ao mesmo tempo em que servem como fonte de subsistência e de exploração econômica. Sem dúvida alguma, a relação positiva entre homens e cetáceos atingiu seu ápice na antiga civilização grega e prova disso são os registros históricos das lendas e mitos relacionados aos golfinhos. Por outro lado, sabe-se que a caça a baleia é uma atividade muito antiga praticada desde a pré-história por povos antigos. Os dias atuais ainda refletem a ambigüidade da relação homem/cetáceo. Contudo, as descobertas científicas das últimas décadas trouxeram a possibilidade de um relacionamento positivo com esses animais, especialmente no que se refere ao turismo de observação em contraposição à continuidade/retorno da caça comercial. Em vários lugares do mundo encontramos diferentes comunidades tradicionais que mantém um relacionamento de admiração e respeito com os cetáceos, gerando um conhecimento aprimorado sobre diferentes aspectos de sua biologia e ecologia. Sob as luzes interdisciplinares da etnociência, deu-se continuidade e ampliou-se o estudo das relações e conexões entre pescadores caiçaras tradicionais e as espécies de cetáceos ocorrentes ao longo do Complexo estuarino-lagunar de Cananéia. Os resultados indicam que os caiçaras são capazes de perceber e prever mudanças climáticas, classificar e localizar espacialmente organismos marinhos e elaborar complexas cadeias tróficas. Apresentam uma percepção acurada com relação à biologia e ecologia do boto Sotalia guianensis (CETACEA; DELPHINIDAE), especialmente em relação ao comportamento, hábitos alimentares e reprodutivos da espécie, e possuem um conhecimento generalizado sobre outros mamíferos aquáticos. A transmissão cultural desse conhecimento ocorre de forma vertical (entre gerações) e também de forma horizontal (dentro da mesma geração). A comunidade caiçara de Cananéia deve ser devidamente incorporada aos processos decisórios relacionados ao tema sócio-ambiental, bem como, nas tomadas de decisão relacionadas ao gerenciamento das atividades turísticas visando à promoção da prática de um turismo participativo e de base sustentável. Esse envolvimento deve ser planejado e avaliado de forma intensamente participativa, respeitando-se os critérios legislativos e também aqueles estabelecidos pelos próprios representantes dessas comunidades. As questões relacionadas à área sócio-ambiental devem ser tratadas de forma interdisciplinar com a finalidade de se compor um cenário cooperativo para a construção de propostas participativas que não criem condições de exclusão das comunidades, mas sim, as incorpore no processo de forma a se respeitar e valorizar os seus saberes e fazeres tradicionais. Novos modelos de propostas conservacionistas interdisciplinares devem ser construídos de forma a promover a inclusão sócio-ambiental das comunidades tradicionais, evitando assim, conflitos e má utilização de Unidades de Conservação. Respeitar o conhecimento e a cultura caiçara local torna-se fundamental para que se tenha a dimensão exata das estratégias de conservação das espécies e ecossistemas do Lagamar. |