Enriquecimento ambiental concomitante ao estresse crônico imprevisível induz comportamento tipo-ansioso e diminui a expressão do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) no córtex pré-frontal de camundogos.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Silva, Nívea Karla de Gusmão Taveiros
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42136/tde-05112021-160642/
Resumo: O enriquecimento ambiental (EA) é um paradigma experimental complexo que fornece estímulos como exercício, novidade, atividade exploratória e contato social. Por promover neurogênese, o EA tem sido apontado como protetor mediante situações de injúrias, como no estresse, uma vez que estímulos estressores podem deflagrar processos neurodegenerativos e acarretar danos neuronais. Devido ao impacto decorrente do estresse em transtornos como ansiedade, o envolvimento de fatores neurotróficos como o BDNF tem sido amplamente estudado. Além da regulação dependente de estímulos, a transcrição de BDNF também parece sofrer regulação epigenética. Diante disto, o presente trabalho avaliou os efeitos do EA sobre o comportamento tipo-ansioso, parâmetros bioquímicos e expressão gênica de Bdnf no córtex pré-frontal (CPF) de camundongos Swiss machos expostos ao estresse crônico imprevisível (ECI), levando em conta o envolvimento de modificações epigenéticas. O grupo exposto ao EA e submetido ao ECI (EA-ECI) exibiu comportamento tipo-ansioso no labirinto em cruz elevado. Esse comportamento foi revertido após o pré-tratamento com um inibidor de metilação do DNA (5-azacitidina). Na análise da corticosterona, apenas o grupo enriquecido não estressado (EA-NS) apresentou aumento nas concentrações plasmáticas. Embora o EA per se tenha promovido maior expressão do RNAm do éxon IX, considerado o éxon codificante do gene, o grupo EA-ECI apresentou redução na expressão gênica dos éxons I, II, IV, VI e IX do Bdnf no CPF. Em relação à epigenética, as três sequências analisadas para metilação do DNA de Bdnf no respectivo éxon não mostraram diferenças significativas na porcentagem de metilação do DNA nas ilhas CpG investigadas. Em suma, o presente estudo mostrou evidências de que o EA concomitante ao ECI desencadeia comportamento tipo-ansioso, o qual é revertido por um pré-tratamento com inibidor de metilação do DNA. Isso é acompanhado por uma redução marcante da expressão de Bdnf no CPF, sem afetar a metilação do DNA do éxon IX do gene. Juntos, esses achados auxiliam a compreensão da base molecular da complexa interação entre estresse e ambiente no comportamento, o que pode ter implicações no desenvolvimento de novos alvos terapêuticos para o tratamento de transtornos relacionadas ao estresse.