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Estudo randomizado, fase II, duplamente coberto, de estimulação elétrica bilateral subcutânea do nervo trigêmeo para o tratamento de depressão maior unipolar - TREND

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Gorgulho, Alessandra Augusta
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5138/tde-08042022-123137/
Resumo: Introdução: A prevalência do Transtorno Depressivo Maior (TDM) é superior a 163 milhões de pessoas. TDM é a principal causa de suicídios, sendo essa a segunda causa de mortalidade na população entre 15-29 anos de idade. Mais de 30% dos pacientes com TDM são resistentes ao tratamento (DRT) medicamentoso e psicoterápico. A DRT compromete a qualidade de vida, eleva a morbi-mortalidade e acarreta custos sociais substanciais. Embora existam vários tratamentos utilizando a neuromodulação, há uma paucidade de opções que proporcionem um efeito terapêutico duradouro, independente da adesão dos pacientes e simultaneamente evitando a abertura do crânio. A estimulação trigeminal externa aplicada aos pacientes com DRT resultou em melhora da depressão. A estimulação elétrica trigeminal subcutânea (EETs) é utilizada para o tratamento de dores oro-faciais refratárias. A EETs foi utilizada como terapia adjuvante no tratamento da DRT. Materiais e Métodos: Esse estudo é duplamente coberto, randomizado, unicêntrico, com duração de 1 ano. Vinte participantes diagnosticados com DRT receberam EETs ativa ou controle (estimulação desligada) durante 24 semanas. Houve um cruzamento unidirecional escalonado durante a segunda metade da fase randomizada. Todos os participantes receberam estimulação ativa durante a fase aberta do estudo (24 semanas). A média de idade ± desvio padrão foi de 50,4 ± 7,2 anos, 16/20 (80%) pacientes eram do sexo feminino; a duração média desde o diagnóstico de depressão era de 19,05 ± 12,05 anos. O desfecho primário foi a diferença da média de pontuação na escala de depressão de Hamilton 17 itens (HDRS-17, variação: 0-52, sendo que números mais altos indicam maior severidade) entre os grupos na 14ª semana, ajustando-se para as pontuações iniciais (média de duas medidas). Foram implantados eletrodos bilateralmente no subcutâneo, direcionados às sobrancelhas, para estimular o ramo V1 do nervo trigêmeo. Duas semanas após a cirurgia, dez participantes foram randomizados para receberem EETs ativa. Durante as visitas, o grupo controle recebeu estimulação ativa por 1 minuto, de modo a experimentar parestesia na fronte, sendo a estimulação desligada na sequência. Participantes recebendo EETs ativa foram liberados com amplitudes abaixo do limiar sensitivo, dessa forma assegurando o cegamento da estimulação recebida. O pesquisador nãoencoberto era o eletrofisiologista. Participantes do grupo controle cruzaram para EETs ativa apenas se as pontuações de HDRS-17 fossem iguais ou piores do que as iniciais, a partir da 14a semana. Participantes sob efeito placebo foram mantidos sem estimulação até a recaída. Nesse momento, eles passavam a receber EETs ativa. Os participantes inicialmente randomizados para EETs ativa assim permaneceram (cruzamento unidirecional). As medidas de desfechos secundários foram o Inventário de Depressão de Beck (BDI-SR), Inventário de Sintomatologia Depressiva (IDS30-SR), Qualidade de vida versão curta-36 (SF36), Questionário de satisfação e prazer de vida (Q-LES-Q), e Udvalg Kliniske undersøgelser (UKU) de efeitos colaterais. Resultados: Na semana 14, as pontuações do HDRS-17 caíram de 21,4 ± 2,89 e 19,95 ± 2,13 para 10,6 ± 5,85 e 16,9 ± 5,34 nos grupos sob EETs ativa e controle, respectivamente (p = 0,019). A diferença média da pontuação de HDRS-17 entre os grupos foi de 6.3 pontos (95% intervalo de confiança: -11,1; -1,5). No grupo sob estimulação ativa, três pacientes estavam em remissão, quatro eram respondedores completos, um era respondedor parcial e dois eram não-respondedores. No grupo controle, um paciente estava em remissão, quatro eram respondedores parciais e cinco eram não-respondedores (p = 0,056). O efeito placebo estendeu-se por 16 semanas em 8/10 (80%) dos indivíduos. O BDI-SR e o IDS30-SR melhoraram em ambos os grupos em comparação às pontuações iniciais (p < 0,0001), porém não foram observadas diferenças entre os grupos na semana 14. Os questionários SF-36 e Q-LES-Q evidenciaram resultados semelhantes. Foram reposicionados 4/40 (10%) eletrodos a fim de evitar-se potencial erosão. Nenhuma infecção, erosão ou migração ocorreu. Dos 45 eventos adversos reportados, 38 (84,45%) foram leves. Na conclusão do estudo, 55% da coorte estava em remissão e adicionais 10% eram respondedores completos. Os antidepressivos permaneceram inalterados durante o estudo. Conclusão: Este é o primeiro estudo que avalia a estimulação trigeminal subcutânea para depressão resistente ao tratamento. Os pacientes randomizados para estimulação ativa demostraram uma diminuição significativa da severidade da depressão, mesmo com a presença do efeito placebo em ambos os grupos. A tolerância e a adesão ao tratamento foram excelentes. O efeito placebo foi avaliado detalhadamente. Após 1 ano da EETs, a pontuação medida pelo HDRS-17 decresceu 60%