Caracterização do metaboloma sérico de gatos com doença renal crônica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Ruberti, Bruna
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10136/tde-10052022-111956/
Resumo: A Doença Renal Crônica (DRC) é uma enfermidade comum entre os felinos e um dos maiores desafios é a identificação precoce de possíveis distúrbios estruturais e/ou funcionais que ocorrem nos estadios iniciais da doença, quando o animal ainda não apresenta sinais clínicos. A etiologia da DRC é heterogênea e geralmente a causa de base não é identificada devido ao curso adaptativo da doença, sendo que as manifestações clínicas são apenas observadas nos estadios mais avançados, o que evidencia que pelo menos 66% dos néfrons sofreram lesão ou já foram perdidos. Novas estratégias para o diagnóstico precoce da DRC estão surgindo na medicina veterinária visando a implementação de intervenções terapêuticas a fim de retardar a progressão da doença. A metabolômica é o estudo que envolve a identificação e quantificação de pequenas moléculas presentes em amostras biológicas e tem como objetivo demonstrar alterações no metabolismo do indivíduo sob diferentes condições, assim como elucidar o mecanismo fisiopatológico de doenças crônicas, como a DRC. O presente estudo teve como objetivos caracterizar a metabolômica sérica de gatos diagnosticados com DRC estadios 1 e 2, visando a melhor compreensão dos padrões metabólicos presentes em cada fase da doença, bem como comparar a metabolômica do soro dos animais antes e após a introdução do manejo alimentar com um alimento coadjuvante renal. A hipótese firma-se de acordo com estudos prévios com outras espécies que demonstraram variação no perfil de metabólitos em indivíduos submetidos à diferentes estímulos fisiopatológicos, modificações ambientais, dietéticas e/ou modificações genéticas. Foram incluídos 25 gatos domésticos (fêmeas e machos), 15 diagnosticados com DRC nos estadios 1 (Grupo DRC1, n= 6) e 2 (Grupo DRC2, n= 9), de acordo com a IRIS (Sociedade Internacional de Interesse Renal), e o grupo controle foi composto por 10 gatos saudáveis. Todos os animais, de todos os grupos, foram submetidos a um período de 30 dias em dieta de manutenção (alimento basal). Após esta etapa inicial, foram iniciadas as coletas das amostras. Os períodos de coleta foram divididos em tempos, sendo T0 antes dos animais receberem a dieta coadjuvante renal e 30 dias após receberem o alimento basal (padronização dietética), seguidos dos tempos subsequentes T30 (30 dias após T0) e T60 (60 dias após T0). A caracterização da metabolômica foi realizada em T0 e T60 por espectrometria de massa/cromatografia gasosa (MS-GC). A análise discriminante de mínimos quadrados parciais (PLS-DA) e a análise de componentes principais (PCA) foram realizadas para avaliar as diferenças nos perfis metabolômicos entre os grupos e antes (DRC T0) e após a instituição do manejo dietético com o alimento coadjuvante renal (DRC T60) por meio do software Metaboanalyst 4.0. Gatos saudáveis e gatos com DRC estadios 1 e 2 apresentaram diferenças no perfil de metabólitos séricos quando avaliados já no tempo zero e após a padronização da dieta. O ácido cítrico e a monostearina foram os metabólitos que se diferenciaram entre os grupos de animais doentes renais quando comparados ao grupo controle. Após 60 dias de ingestão do alimento coadjuvante renal, outros metabólitos apresentaram diferença, dentre eles a glicina, frutose, ácido glutâmico, ácido araquidônico, ácido esteárico, creatinina e ureia. No geral, o emprego da metabolômica como ferramenta diagnóstica, tem o potencial de identificar complicações correlacionadas com a DRC ainda quando em condições subclínicas, o que pode auxiliar em elucidações de processos fisiopatológicos relacionados ao desenvolvimento e progressão da doença.