Alterações metabólicas ao longo da ontogenia das larvas de cachara (Pseudoplatystoma reticulatum Siluriforme, Pimelodidae, Linnaeus, 1776) e do híbrido

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Mello, Paulo Henrique de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41135/tde-18112010-104720/
Resumo: O ciclo de vida de muitos organismos inclui um estágio larval de desenvolvimento que é morfologicamente distinto do adulto. Durante o período embrionário e larval os processos dominantes mais importantes são: crescimento, diferenciação de tecidos e/ou alterações fisiológicas, acompanhadas de mudanças nas exigências nutricionais, e mobilização de recursos energéticos e estruturais, que desencadeiam as alterações que normalmente são observadas durante a ontogenia. Os substratos energéticos como os lipídeos e proteínas são fundamentais durante o processo reprodutivo dos peixes tanto energeticamente quanto estruturalmente, sendo imprescindíveis para o desenvolvimento do ovo e consequentemente do sucesso das larvas. O cachara é uma das espécies de teleósteo de água doce mais importante do Brasil, em razão da qualidade da sua carne, porte avantajado, além da importância histórica da pesca nas regiões onde ocorre, e os híbridos de cachara com pintado vêm sendo cada vez mais cultivados nas pisciculturas brasileiras. Estudos ontogenéticos com ênfase na fisiologia e na morfologia das larvas de peixes são muito incipientes e se tornam ainda mais escassos nas espécies tropicais. Desta forma, o presente trabalho visou investigar as alterações morfofisiológicas ao longo da ontogenia de larvas de cachara (Pseudoplatystoma reticulatum) e do híbrido (Pseudoplatystoma corruscans x Pseudoplatystoma reticulatum). As coletas foram realizadas no período de Janeiro/2008 à Fevereiro/2008 no município de Bandeirantes-MS e foram divididas em quatro fases principais. A abertura da boca foi observada com 3 DAF (dias após a fertilização), o saco vitelínico foi verificado do 1º ao 5º DAF, o esôfago e o intestino foram observados aos 3 DAF e por fim o estômago aos 4 DAF. Morfologicamente, cacharas e híbridos apresentaram desenvolvimento muito similar entre si e aos demais teleósteos. A concentração de proteínas totais das larvas mostrou alta homogeneidade ao longo da ontogenia, sendo a musculatura o principal órgão de deposição deste substrato, seguida pelo fígado. A concentração de lipídeos totais das larvas também foi muito similar entre cacharas e híbridos sugerindo alta homogeneidade, sendo o encéfalo o órgão de maior deposição deste substrato, seguido pela musculatura e fígado. Apesar desta homogeneidade na concentração de lipídeos e proteínas, observa-se um consumo mais elevado de proteína nas larvas de cachara até 16 HAF (horas após a fertilização) e de lipídeos entre a fase de oócito e 40 HAF, quando comparadas às larvas dos híbridos. A análise do perfil de ácidos graxos sugere que as larvas de cachara utilizaram preferencialmente os ácidos graxos monoinsaturados (MUFAs) para a eclosão, enquanto as larvas híbridas utilizaram ácidos graxos saturados (SFA). A atividade proteolítica ácida somente foi verificada a partir do 10º DAF e por outro lado, a atividade da protease inespecífica básica e das proteases específicas (tripsina e quimiotripsina) foram verificadas ainda na fase de oócito, permanecendo ativa durante a ontogênese. Essa relação indicou uma compensação à baixa atividade das proteases ácidas, indicando possivelmente que os animais são capazes de digerir proteínas já após a abertura da boca. As larvas de híbridos apresentam maiores atividades de proteases inespecíficas (básicas) do que as larvas de cachara no período de 15 a 25 DAF, sugerindo uma maior atividade proteolítica. As larvas de ambos os grupos apresentaram alto grau de similaridade, quando morfológica e fisiologicamente comparadas, sugerindo que as larvas híbridas expressaram herdabilidade da matriz. No entanto, algumas alterações pontuais evidenciam que os padrões de utilização dos substratos energéticos assim como as alterações da atividade das proteases, podem auxiliar a elucidação das diferenças empíricas relatadas por piscicultores, nas quais os híbridos apresentam melhor desempenho que os cacharas.