A doença reumática no ciclo gravído-puerperal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1981
Autor(a) principal: Andrade, Januario de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6135/tde-08082016-154422/
Resumo: A fim de avaliar o resultado da gestação em pacientes cardíacas foram considerados dois grupos controle: o grupo \"I\" ou clínico e o grupo \"II\" ou cirúrgico. Foram considerados para este estudo todas as pacientes reumáticas matriculadas no Programa de Assistência à Gestante Cardíaca, no período de 01/06/15 a 30/10/79, tomando-se por base a gravidez e a doença reumática como ponto comum a todas as pacientes. Os resultados obtidos nestas gestações estão baseados nos parâmetros a seguir relacionados: idade da paciente no início da gestação, número de gestações, paridade, diagnóstico clínico-cardiológico, tipo funcional segundo a \"New York Heart Association\", idade gestacional, eletrocardiograma, tipo de parto, peso do recém-nascido ao nascer e suas condições de saúde. As pacientes do grupo \"II\" ou cirúrgico foram divididas em três subgrupos a saber: cirúrgico \"1\" (submetidas a comissurotomia valvar); cirúrgico \"2\" (submetidas a implante de prótese valvar-metálica tipo Starr-Edwards; e cirúrgico \"3\" (submetida a implante de prótese biológica de dura-máter). Os filhos das gestantes do grupo \"II\" ou cirúrgico têm peso significativamente menor que os filhos das gestantes do grupo \"I\" ou clínico. Entre as pacientes dos subgrupos cirúrgicos os filhos das pacientes com prótese de Starr-Edwards têm peso menor do que os filhos das gestantes dos outros subgrupos cirúrgicos, o que pode, pelo menos em parte, ser explicado pela ação dos anticoagulantes orais. Em relação ao tipo funcional, as pacientes cardíacas reumáticas clínicas podem engravidar se estiverem classificadas nos tipos funcionais I e II da \"New York Heart Association\", enquanto que as do grupo cirúrgico, com qualquer tipo de procedimento cirúrgico anterior, só poderão engravidar se pertencerem ao tipo funcional I, sem história de descompensação cardíaca anterior. As pacientes com prótese de Starr-Edwards na vigência de anticoagulação oral, devem ser bem orientadas em relação aos riscos do uso de tal medicação e entrarem para o programa especial de acompanhamento, com emprego de heparina subcutânea, principalmente durante a organogênese e ao controle rigoroso do tempo de protrombina, para prevenir o aparecimento de fenômenos trómboembólicos e do síndrome warfarínico fetal. As pacientes com prótese de dura-máter aórtica devem ser desencorajadas a engravidar. O período ideal para uma gravidez em pacientes cardíacas reumáticas, após qualquer tipo de cirurgia cardíaca, é com duração superior a 1 ano e inferior a 6 anos de pós-operatório. O maior número de cesáreas foi uma constante em todos os grupos estudados e realizadas por indicação obstétrica. No cirúrgico \"2\" (ou com prótese de Starr-Edwards) há indicação relativa de parto programado devido ao uso de anticoagulantes orais. Os procedimentos cirúrgicos devem ser realizados preferentemente antes ou apÓs a gestação. Durante o período gestacional,a época teoricamente \"ideal\" é entre a 18a. e 24a. semanas de gestação, ou em qualquer fase da gestação quando este for um procedimento de urgência. A cardioversão elétrica, processo inócuo durante a gravidez pode ser realizado em qualquer período gestacional para reversão da fibrilação atrial a ritmo sinusal. A taxa de óbitos maternos nas 301 gestações estudadas foi de 1,66 por cento , sendo que houve diferença significativa entre as proporções de óbitos nos dois grupos \"I\" e \"II\". As perdas do produto conceptual foram significativamente menores no grupo \"I\" ou clínico (4,48 por cento ) do que no grupo \"II\" ou cirúrgico (12,39 por cento ). Os resultados obtidos permitiram melhor avaliação dos riscos cardiológico e gravídico, bem como possibilitaram a caracterização de diferentes parâmetros que, considerados em conjunto, serão fundamentais para a avaliação do prognóstico destas mulheres com cardiopatia reumática.