Conflito e cortesia: oportunidades para a prática do discurso argumentativo, na interação professor-aluno

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Ramos, Rosana Ribeiro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-28112014-182247/
Resumo: Este trabalho tem como objetivo averiguar a existência (ou não) de um espaço favorável à prática da argumentação, na interação professoraluno. Sendo a interação mediada pela linguagem, interessa investigar como os sentidos, constituídos por meio da linguagem, influenciam os sujeitos envolvidos, colaborando ou não para suas ações em direção à prática do discurso argumentativo. A pesquisa foi realizada por meio de observações de aulas em um Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos (CIEJA). Ao longo das observações, constatamos que o uso de estratégias de polidez sempre amenizaram conflitos; por sua vez, a inibição de conflitos gerou a inibição da prática de estratégias de argumentação. Esta tese é continuação da pesquisa desenvolvida no âmbito do mestrado, da qual aproveitamos os dados de uma das escolas de ensino médio observadas. Diferentemente do observado no CIEJA, no ensino médio foi possível constatar a existência de conflitos com alto grau de explicitude, os quais geraram desrespeitos e insatisfação entre professores e alunos; assim, não houve fluidez nos discursos do ensino médio, e aquela interação também não colaborou para a prática do discurso argumentativo. Diante da realidade observada, tanto no período do mestrado como agora no doutorado (a primeira, com um alto grau de explicitude de conflitos; a segunda, com inibição de conflitos), passamos a defender que conflitos não devem ser amenizados de maneira a inibir a prática da argumentação, mas, sim, instigados e aproveitados como oportunidade para a exposição e defesa das opiniões. Para tanto, defendemos também a necessidade de o professor praticar, para além da polidez, o estilo cortês. Com base em parte da teoria desenvolvida por Muro (2005), entendemos que o estilo cortês traz em si a ação, por parte daquele que detém o poder na interação o professor , de abrir mão de seu lugar de poder, legitimado socialmente. Essa ação consciente tem a função de levar o aluno a desenvolver-se na arte de argumentar, mesmo em meio aos conflitos. A análise dos dados das duas instituições foi permeada pela análise do filme francês Entre os muros da escola, de Laurent Cantet, sempre que houve necessidade de comparação com uma maneira diferente de agir. Como embasamento teórico, lançamos mão de teorias da Análise da Conversação (AC), da Pragmática e da Análise do Discurso (AD). Os resultados de análise nos permitiram confirmar as nossas hipóteses de pesquisa, quais sejam: a) o uso de estratégias de polidez pode colaborar para a fluidez do discurso, bem como pode inibir ofensas e desrespeitos; b) apenas estratégias de polidez não garantem a prática da argumentação, pois podem inibir conflitos naturais e necessários para a produção do conhecimento; e c) a prática do estilo cortês, aliado à polidez, pode ser mais eficaz para a constituição de um ambiente propício à prática da argumentação