Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Camargo Junior, Arnaldo Rebello |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-22062020-192729/
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Resumo: |
Este trabalho tem por objetivo investigar, de uma perspectiva enunciativo-discursiva, o caráter autorreflexivo da escrita no gênero redação de vestibular. O material analisado é composto de 75 produções escritas de vestibulandos, advindas de três diferentes instituições: Centro Universitário FIEO, Universidade Federal de Grande Dourados e Universidade de São Paulo. A autorreflexividade foi tomada, a princípio, como um movimento da produção do discurso que, no texto escrito, coloca-se como uma forma de o escrevente organizar os objetos de discurso (MONDADA e DUBOIS, 1995; KOCH e MARCUSCHI, 1998; KOCH, 2009), visando à construção da argumentação. Para efetuação da análise da autorreflexividade no corpus selecionado, buscamos, no próprio material, por estratégias que evidenciassem esse movimento autorreflexivo. Verificamos que as estratégias acionadas para organizar o texto apresentam dois padrões, ligados a dois procedimentos argumentativos: o de generalização e o de particularização. A generalização e a particularização revelaram estratégias utilizadas pelos escreventes para argumentar. Para análise, valemo-nos da noção de cronotopo (BAKHTIN, 1975) e da revisão da noção em Blommaert e Fina (2015), que propõem serem as diferentes identidades sociais construídas e modificadas cronotopicamente, o que, em termos enunciativo-discursivos, interpretamos, como correspondendo ao processo de construção da pessoa no texto. Nessa perspectiva, investigamos a noção de pessoalidade e o modo de criação de uma figura textual da pessoa na escrita a partir de Street (2000, 2006) e Besnier (1991, 1995). Consideramos que a pessoalidade está diretamente relacionada à autorreflexividade, pois é a instância em função da qual o escrevente entra no jogo de assumir ou recusar certas identidades associadas a determinada prática de letramento. Fundamentando-nos na não-coincidência do dizer, particularmente do sujeito consigo próprio (AUTHIER-REVUZ, 1998), defendemos que a relação sujeito (do discurso)/pessoalidade (no texto) é um caso de autorreflexividade que se materializa como uma construção textual. Esse caráter de pessoa (a pessoalidade), na qualidade de figura textual, constitui-se, pois, como um dos modos pelos quais a autorreflexividade se manifesta na redação de vestibular, prática letrada que circunscreve certa identidade a ser contemplada, mas cujo cumprimento, por parte dos escreventes, nunca é totalmente consistente. Associado à pessoalidade e marcado por seu caráter argumentativo, mostrou-se também como produtivo, do ponto de vista da análise qualitativa empreendida, o uso da combinação entre modalização deôntica e voz coletiva, também considerado como um movimento autorreflexivo na escrita. Vários critérios levantados relativamente aos procedimentos de generalização e particularização; à construção da pessoalidade e, por fim, à combinação entre modalização deôntica e voz coletiva compõem três grupos de marcas de autorreflexividade presentes nos textos analisados. Guardadas as especificidades de cada grupo, a associação entre processo de autorreflexividade, referenciação e argumentação está presente nos três grupos de marcas, mas não com o mesmo peso. No material analisado, mas talvez em extensão mais ampla do uso da escrita, é a autorreflexividade, como propriedade fundamental da linguagem, que comanda a referenciação e a argumentação. |