Resumo: |
A mastite bovina é a doença de maior impacto negativo na pecuária leiteira devido à diminuição da produção e qualidade do leite e produtos lácteos. Staphylococcus aureus é um dos mais importantes patógenos da mastite bovina devido à sua patogenicidade, contagiosidade e refratariedade ao tratamento antimicrobiano, além de questões críticas relacionadas à segurança alimentar e saúde pública. Há cada vez mais evidências de que a defesa contra S. aureus depende dos linfócitos T. Diante deste cenário, a comparação da resposta de linfócitos T em animais sadios que foram expostos ao patógeno e permaneceram sadios com animais que não permaneceram sadios (infectados por S. aureus) pode nos ajudar a identificar respostas imunes associadas a resistência à infecção, ou seja respostas imunes que conferem proteção contra este patógeno, aqui avaliada pela capacidade de proliferação de linfócitos T CD4+ e CD8+ sanguíneos, e sua população de memória, estimulados ou não com S. aureus. Ademais, o presente estudo nos permitiu avaliar estas respostas imunes em dois momentos em animais vacinados ou não com vacina comercial. Para a realização deste estudo, amostras de sangue periférico de 25 animais foram coletadas antes do início do protocolo vacinal (D0) e após 21 dias da última dose vacinal (D118). As células mononucleares do sangue periférico foram isoladas por centrifugação em gradiente de densidade Ficoll, e em seguida, foi realizada a proliferação de linfócitos na ausência (basal) e presença de isolado de S. aureus inativado pelo calor proveniente de caso mastite bovina persistente. A proliferação de linfócitos foi determinada pela expressão de Ki67 por citometria de fluxo. Para a identificação das populações de linfócitos, a imunofenotipagem foi realizada por citometria de fluxo com os seguintes anticorpos monoclonais: CD4, CD8, CD45R0, CD44 e CD62L. No presente estudo identificamos que vacas infectadas por S. aureus apresentaram menor proliferação de linfócitos, linfócitos T CD4+ e linfócitos de memória geral quando estimulados com isolado de S. aureus. Ademais, nenhum efeito da vacinação na proliferação das populações de linfócitos sanguíneos foi observado. No entanto, observamos que a proliferação de linfócitos T CD8+ , linfócitos T CD8+ de memória indiferenciável e linfócitos T CD8+ de memória efetora foi maior no primeiro momento que no segundo momento. Desta forma, concluímos que a regulação negativa da reposta de células T frente à estimulação por S. aureusé crucial para a persistência das infecções intramamárias por S. aureus, e que a ausência da resposta vacinal na proliferação de linfócitos T pode justificar a insatisfatória resposta à vacinação encontrada a campo. |
---|