Domínios tectônicos do Sudeste do Paraná e Nordeste de Santa Catarina: geocronologia e evolução crustal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1995
Autor(a) principal: Siga Junior, Oswaldo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44134/tde-05112013-093542/
Resumo: O objetivo deste trabalho é discutir a evolução geotectônica de terrenos Pré-Cambrianos localizados na porção sudeste do Paraná e nordeste de Santa Catarina. As diferenças litológicas, petrográficas, estruturais, acopladas principalmente aos estudos geocronológicos, permitiram reconhecer neste setor a existência de três grandes domínios geotectônicos com evoluções próprias e distintas. O primeiro domínio (Luís Alves), tem grande expressão na porção meridional estudada, afilando-se rumo nordeste, sentido Serra Negra, estendendo-se provavelmente até o Maciço de Itatins, já no estado de São Paulo. É balizado na porção noroeste pelos terrenos pertencentes ao Domínio Curitiba e no setor oriental pelo Domínio Paranaguá, contatos estes definidos por importantes zonas de cisalhamento. A sul, mostra-se recoberto pelos sedimentos do Grupo Itajaí, relacionados a evolução do Cinturão Dom Feliciano. O Domínio Luís Alves é representado, em grande parte, por rochas de alto grau metamórfico, tendo como litotipo principal gnaisses granulíticos formados no Arqueano (2.800-2.600Ma), e no Paleoproterozóico (2.200-1.900Ma). Grande parte desses terrenos encontrava-se relativamente frio no Neoproterozóico, temperaturas inferiores a 300°-250°C, representando possivelmente nessa época um segmento continental, posicionado entre os Crátons do Congo (África) e do Paraná (Brasil). O segundo domínio (Curitiba) ocupa a porção setentrional estudada, sendo limitado no setor noroeste, através de zonas de cisalhamento, pelas seqüências metassedimentares dos Grupos Açungui e Setuva. Predominam neste domínio rochas gnáissico-migmatíticas do fácies anfibolito, ocorrendo em sua borda meridional granitóides cálcio-alcalinos (Suite Rio Piên). Caracteriza-se por mesossomas formados no Paleoproterozóico (2.200-1.800Ma), com leucossomas e porções graníticas do Neoproterozóico (640-560Ma), período esse em que as isotermas atingiram temperaturas superiores a 500°C. Esses terrenos (Domínio Curitiba) podem representar a borda do Domínio Luís Alves, intensamente deformada, migmatizada e granitizada no Neoproterozóico. Essa tectônica seria decorrência da movimentação relativa, que teria colocado os terrenos Luís Alves por debaixo do Cinturão Ribeira. O transporte relativo, envolvendo tanto as seqüências metassedimentares como a margem continental retrabalhada do microcontinente colidente teria sido de NW para SE. Tal processo ter-se-ia iniciado ao redor de 700 \'MAIS OU MENOS\' 50Ma, período este em que o arco magmático Três Córregos seria gerado, na borda do Cráton do Paraná. O fechamento completo do oceano existente entre o Domínio Luís Alves e o Cráton do Paraná, e consequente colisão, teria ocorrido em épocas anteriores a 620-600Ma, período este associado ao resfriamento (idades K-Ar) do Domínio Curitiba. Os granitóides deformados (Suite Rio Piên) que balizam o contato entre os Domínio Curitiba e Luís Alves, poderiam ter sua colocação relacionada a zonas transcorrentes, que limitam essas rochas magmáticas. O terceiro domínio (Paranaguá), ocupa grande parte do setor oriental estudado, sendo representado por uma variedade de granitóides heterogeneamente deformados (Morro Inglês, Canavieiras) e isótropos (Rio do Poço, Estrela), ocorrendo ainda como encaixantes, gnaisses, xistos, quartzitos e anfibolitos. A justaposição do Domínio Paranaguá deu-se tardiamente a colagem dos terrenos Luís Alves e Paraná. Os dados geocronológicos sugerem a formação desses granitóides principalmente no intervalo 620-570Ma. O padrão K-Ar (560-480Ma) indica ainda que o resfriamento deste segmento ou de parte dele, atingiu o Cambro-Ordoviciano evidenciando provavelmente processos relacionados à aglutinação dos Crátons Congo-Kalahari e os Crátons São Francisco-Paraná e, consequente, formação do Gondwana Ocidental. Durante a justaposição do Domínio Paranaguá, registra-se no âmbito dos terrenos adjacentes, já relativamente estabilizados, expressivo magmatismo de natureza alcalina-peralcalina (600-570Ma), representado pelos maciços graníticos da Graciosa, Anhangava, Marumbi, Serra da Igreja, Agudos do Sul, Morro Redondo, Dona Francisca, Piraí, Corupá e Serra Alta. Neste mesmo período, ocorre intenso vulcanismo ácido-intermediário, relacionado a evolução das Bacias de Campo Alegre, Guaratubinha e Corupá. Tais manifestações sugerem uma associação com regimes tectônicos distensivos produzidos pelos ajustes crustais decorrentes de uma procura de condições de maior estabilidade, após o espessamento provocado pelo tectonismo precedente. Finalmente, expressivo vulcânismo básico, de idade Juro-Cretácea, distribui-se no âmbito desses terrenos, relacionado a processos tectônicos que culminaram com a formação do Atlântico Sul.