Avaliação comparativa da eficácia do uso isolado e combinado de alarme noturno e desmopressina no tratamento da enurese noturna monossintomática

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Sammour, Simone Nascimento Fagundes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5141/tde-23022016-161939/
Resumo: Introdução: A enurese (EN) é uma condição clínica de etiologia multifatorial com característica de perda de urina intermitente no período noturno que promove uma dificuldade ao convívio social da criança/adolescente e pode ser afetada pela presença de comorbidades e por imaturidade do sistema nervoso na regulação central sobre o funcionamento vesical. O conjunto de eventos promotores do episódio da enurese, desde o enchimento vesical durante o sono até a deflagração do esvaziamento vesical involuntário sem acordar constitui-se no foco principal de abordagem clínico-laboratorial e terapêutica. Objetivo: Estudar o impacto de uma avaliação multidisciplinar do indivíduo com enurese noturna monossintomática (ENM) sobre a eficácia terapêutica dos métodos tradicionalmente utilizados em sua abordagem, assim como comparar, pela polissonografia (PSG), os efeitos da intervenção sobre a estrutura do sono. Método: Estudo prospectivo de crianças de 6 a 17 anos incompletos, com ENM, diagnosticada por avaliação multidisciplinar utilizando anamnese estruturada com enfoque nefropediátrico, exame clínico, diários das eliminações, ultrassonografia de rins e vias urinárias, análises laboratoriais de sangue e urina, exame neurológico, diário do sono, questionários de avaliação do sono e polissonografia, avaliação psicológica de distúrbios do comportamento pelo CBCL e da qualidade de vida pelo PedsQL 4.0 e avaliação fisioterapêutica do equilíbrio. Condições crônicas e genéticas constituíram exclusão do protocolo. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HCFMUSP de número 0649/10 e apoio da FAPESP (2011/17589-1). Das 140 crianças/adolescentes ingressantes, foram excluídos 58 (41,4%) por comorbidades não tratáveis e/ou não aderência ao protocolo, 82/140 (58,6%) pacientes com ENM foram incluídos para intervenção terapêutica em três grupos de tratamento (alarme, desmopressina e alarme com desmopressina). A resposta à intervenção terapêutica foi avaliada no período pós-intervenção imediato (após seis meses de tratamento) e tardio (após 12 meses da suspensão do tratamento). A PSG foi realizada pré e pós-tratamento para análise comparativa da estrutura do sono. Resultados: Dos 82 pacientes, com idade média de 9,5 anos (? 2,6), 62 eram do sexo masculino (75,6%). Diagnosticou-se antecedente familiar de EN em 91,1% considerando parentes de 1° e 2° graus, constipação em 81,7% e apneia leve/moderada em 40,7%. A avaliação fisioterapêutica realizada na fase pré-intervenção demonstrou presença de alteração no controle do equilíbrio nos pacientes com enurese. A associação entre os fatores reconhecidos na abordagem clínica inicial e a gravidade da enurese (% de episódios/mês) na fase préintervenção, apresentou significância para prematuridade (p=0,03). Previamente à randomização, após abordagem clínica de constipação e/ou terapia comportamental simples, verificou-se cura de 7/82 pacientes. Foram randomizados para tratamento nas três modalidades de intervenção 75 pacientes. Durante a fase de intervenção ocorreram 14/75 (18,7%) desistências, principalmente no grupo alarme (p=0,00). Verificou-se nos 61 pacientes em tratamento, sucesso inicial (resposta completa e parcial) em 56,6% do grupo alarme, 70% do grupo desmopressina e 64% do grupo combinado (p=0,26). Sucesso contínuo (SC) ocorreu em 70% do grupo Alarme, 84,2% do grupo Desmopressina e 100% do grupo combinado (p=0,21). A recidiva ocorreu em 3/20 (15%) pacientes do grupo Alarme e 1/19 (5,2%) do grupo Desmopressina. O sucesso terapêutico se associou a redução nos escores de problemas de comportamento e melhora dos escores de qualidade de vida dos pacientes. A análise comparativa do sono pré e pós-intervenção nos pacientes com e sem alarme demonstrou aumento dos microdespertares (p=0,00), diminuição da eficiência do sono (p=0,02), diminuição de N2 (p=0,00) no grupo alarme. Conclusão: A enurese é um distúrbio multifatorial que exige uma abordagem diagnóstica estruturada. No presente estudo, a abordagem terapêutica utilizando três metodologias de intervenção demonstrou eficácia semelhante. Os benefícios associados ao sucesso terapêutico são amplos, sugere-se, no entanto, que a terapia com alarme possa repercutir negativamente na estrutura do sono