Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Siconelli, Márcio Junio Lima |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17147/tde-27012020-174112/
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Resumo: |
O vírus da febre amarela (YFV) pertence ao gênero Flavivirus (família: Flaviviridae), sendo responsável por causar doença de nome semelhante. A febre amarela (FA) é uma doença infecciosa de transmissão vetorial, de evolução aguda e que, na forma grave, é caracterizada por febre e hemorragias, alcançando em torno de 50% de letalidade. Dois diferentes ciclos estão estabelecidos no Brasil, um urbano (Aedes aegypti) e outro silvestre (Haemagogus sp.; Sabethes sp.). Neste último tem-se o envolvimento primatas não humanos (PNHs), cuja letalidade, a depender da espécie (Alouatta sp.), pode ultrapassar os 80%, susceptibilidade esta que o torna um excelente animal sentinela para a detecção do YFV. Assim, a vigilância de epizootias em PNHs é uma importante ferramenta epidemiológica de prevenção de casos humanos. Em 2016, o Município de Ribeirão Preto registrou a circulação do YFV em área urbana e periurbana, acometendo respectivamente, PNHs da espécie Callithrix penicillata e uma pessoa. Desta forma, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o impacto do YFV na população de PNHs na área onde houve o caso humano. Para isso buscou-se a presença de anticorpos neutralizantes contra o YFV, pela técnica PRNT50, além de avaliar a possível manutenção da circulação viral por meio do teste rápido NS1-YFV e RT-qPCR. O estudo foi realizado na região sul do Município de Ribeirão Preto, dentro de uma área de 5,77 Km2. No período de abril a dezembro de 2018, foram capturados 39 animais, sendo 38 C. penicillata e 01 Sapajus nigritus. Os animais foram capturados com o auxílio de armadilhas tipo \"Tomahawk\" e na sequência foram submetidos a contenção química por midazolam e cetamina, o que possibilitou o exame físico, a biometria e a colheita de sangue. Para o PRNT50 foram utilizadas duas cepas virais distintas, uma selvagem (JabSPM02) e outra vacinal (17DD). 87,18% (34/39) dos animais foram positivos pela cepa selvagem, com títulos de anticorpo variando de 10 a 160. Diferentemente, pela cepa vacinal, nenhum animal foi positivo. Ao avaliar a presença de antígeno viral NS1-YFV e também a RT-qPCR todos foram negativos, não havendo evidências da circulação viral naquela região, no momento do estudo. A população de PNH mais abundante no local estudado foi a espécie C. penicillata, e consequentemente a mais frequente nas capturas. A alta soropositividade nessa espécie aliada a boa condição clínica dos animais sugere que essa espécie se infecta pelo YFV, vindo à óbito somente em raras ocasiões e, portanto, possivelmente menos susceptível. Embora seja a espécie mais frequente em áreas urbanas, não pode ser considerada espécie sentinela por não sucumbirem à infecção, e por não se saber quão intensa é a viremia do YFV nestes animais, o que é ruim do ponto de vista da saúde pública. Contudo, um alto número de soropositividade significa uma possível proteção contra um novo surto na região, até que a população de PNHs susceptíveis seja renovada. Ademais, deve-se considerar que as populações do gênero Alouatta reduziram significativamente em todo o estado, fazendo com que a sensibilidade de detecção de um próximo surto seja prejudicada. Dessa maneira, recomenda-se uma revisão na metodologia de vigilância, uma vez que a vigilância passiva pode não ser suficiente para a detecção precoce do YFV, culminando no atraso da implantação de medidas preventivas, e consequentemente o óbito de seres humanos. Assim, a vigilância ativa parece ser mais assertiva em predizer possíveis risco no aumento da circulação viral e, consequentemente, a ocorrência de um surto. |