Determinação in vitro e in vivo do efeito tripanocida de corantes fenotiazínicos na infecção por Trypanosoma cruzi

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Portapilla, Gisele Bulhões
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/60/60135/tde-27102021-110709/
Resumo: Estima-se que cerca de sete milhões de pessoas estejam infectadas com Trypanosoma cruzi em todo o mundo, inclusive residentes de países não endêmicos. O benznidazol é o fármaco de escolha para tratamento da doença, mas ele causa severos efeitos colaterais e apresentam baixa eficácia em pacientes com cardiomiopatia chagásica crônica avançada. Nas últimas décadas, milhares de substâncias têm sido estudadas na prospecção de novas substâncias ativas contra Trypanosoma cruzi. Nesse contexto, os corantes fenotiazínicos representam uma classe de substâncias de alto potencial terapêutico, especialmente o fenotiazínico azul de metileno, que tem sido usado o tratamento da malária e estudado contra outros protozoários, como Leishmania sp e Trypanosoma cruzi. Portanto, o objetivo desse trabalho foi determinar o potencial tripanocida de corantes fenotiazínicos, combinados ou não ao benznidazol, em protocolos para tratamento in vitro e in vivo de infecção por Trypanosoma cruzi. Os corantes comerciais (azul de metileno (MB), novo azul de metileno (NMB), azul de toluidina (TBO) e 1,9 dimetil azul de metileno (DMMB) e quatro sintéticos não comerciais (DO15, DO16, DO37 e DO43), foram avaliados, combinados ou não ao benznidazol, em protocolos in vitro. No estudo in vitro, a atividade tóxica das substâncias foi determinada em células de mamíferos e o ensaio tripanocida, avaliado contra as formas amastigotas da cepa Tulahuen. As substâncias MB e DMMB, combinados ou não ao BZ, foram selecionados para o estudo em animais experimentalmente infectados (cepa Y) durante a fase aguda da infecção. O efeito biológico do tratamento foi monitorado pela parasitemia no sangue de camundongos, seguido de quantificação do DNA parasitário no tecido cardíaco pelo método de qPCR e contagem de ninhos de amastigotas em cortes histológicos. Outras ferramentas de estudo incluíram: determinação de parâmetros bioquímicos (ALT e AST) e análise imunomoduladora em timo e baço dos camundongos. NMB e DMMB inibiram as formas amastigotas de Trypanosoma cruzi em concentrações menores que 100nM. Esse efeito foi potencializado e sinérgico quando ambos foram combinados a TBO nos estudos in vitro. Em contrapartida, animais experimentalmente infectados demonstraram um aumento da parasitemia após tratamento com MB, BZ+DMMB, MB+DMMB. Na maioria dos métodos avaliados, esses grupos demostram maior carga parasitária quando comparado com o controle infectado, principalmente BZ+DMMB e MB+DMMB. O aumento da carga parasitária pelo tratamento com MB+DMMB parece estar ligado ao maior recrutamento de células específicas do sistema imune para o local de infecção ou bloqueio de funções importantes do sistema imunológico, uma vez que a atrofia do timo, aumento das populações T duplo negativas e T CD8+ estão aumentadas nesse grupo. Da mesma maneira células dendríticas e macrófagos que são células especializadas na fagocitose e reconhecimento de antígenos foram significativamente aumentadas após tratamento com MB+DMMB. Embora os resultados desse trabalho sugerem uma baixa atividade dos fenotiazínicos no estudo in vivo, o potencial in vitro deve despertar estudos futuros sobre o entendimento da falha terapêutica in vivo, principalmente porque MB é um medicamento utilizado em seres humanos, apresenta baixo custo e toxidade. Estudos futuros devem ser encorajados para contribuir no desenvolvimento de terapias alternativas para tratamento da doença de Chagas.