Avaliação da neuropatia periférica no lúpus eritematoso sistêmico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Fargetti, Simone
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5140/tde-17042019-091232/
Resumo: Introdução: Há poucos dados na literatura sobre a neuropatia periférica (NP) associada ao lúpus eritematoso sistêmico (LES). Objetivo: Descrever a NP atribuída exclusivamente ao LES e avaliar suas características clínicas, laboratoriais, tratamento e evolução a curto e longo prazo. Métodos: Pacientes com LES segundo critérios do American College of Rheumatology (ACR) de 1997, que tiveram NP sintomática comprovada por eletroneuromiografia foram identificados através de revisão do prontuário eletrônico. A NP foi classificada de acordo com a nomenclatura do ACR para síndromes neuropsiquiátricas do LES de 1999. Os critérios de exclusão foram qualquer outra condição clínica associada à ocorrência de NP: comorbidades, deficiência de vitamina B12, uso de drogas (álcool, talidomida, leflunomida, estatinas), infecções e outras doenças autoimunes. Controles com LES sem NP, pareados por idade e sexo, com duração de doença semelhante, foram selecionados. Resultados: NP devido exclusivamente ao LES foi identificada em 38 de 2074 pacientes (1,8%), sendo dois terços nos primeiros cinco anos da doença (63,2%). O tipo mais comum de NP foi a polineuropatia (71,1%), de padrão sensitivo-motor (68,4%). Pacientes com NP relacionada ao LES apresentaram maiores frequências de vasculite cutânea (50% vs. 21,1%, p=0,002), linfopenia (60,5% vs. 36,8%, p=0,027), anti-Sm (52,6% vs. 27,6%, p=0,013) e maiores escores de Systemic Lupus Erythematosus Disease Activity Index (SLEDAI) (11,5±10,5 vs. 4,9±6,7; p < 0,0001) comparados aos controles. Os escores de SLEDAI foram ainda mais altos em pacientes com início precoce da NP, com menos de um ano de diagnóstico da doença, comparados a pacientes com NP entre um e cinco anos e após cinco anos do início do LES (21,3±9,1 vs. 8,2±6,6 vs. 3,9±5,3; p < 0,001). Todos os pacientes com NP atribuída ao LES foram tratados com corticóides e 97,4% com terapia imunossupressora: ciclofosfamida intravenosa em 50% e azatioprina em 42,1% dos pacientes. Após um ano de acompanhamento, 92,1% dos pacientes apresentaram uma evolução favorável, com remissão total (36,8%) ou parcial (55,2%) do quadro neuropático, associada a redução da dose de prednisona (48,3±17,9 vs. 15,3±13,4mg/dia; p < 0,0001), da terapêutica sintomática (57,9% vs. 29,7%; p=0,02) e do escore SLEDAI (11,5±10,5 vs. 1,7±3,7; p < 0,0001). O grupo com início precoce da NP teve melhor resposta ao tratamento do que o grupo com início tardio (remissão completa após um ano: 61,5% vs. 25%, p=0,039). Após cinco anos de seguimento, 89,3% mantiveram remissão completa/parcial do quadro. Na análise multivariada, foi confirmada a associação significante entre NP e vasculite cutânea (OR 3,91; IC95% 1,59-9,54; p=0,003), anti-Sm (OR 2,77; IC95% 1,16-6,61; p=0,022) e linfopenia (OR 2,48; IC95% 1,05-5,89; p=0,039). Conclusão: a NP associada exclusivamente ao LES é uma manifestação incomum, caracterizada por um padrão bimodal, com um grupo de início precoce, associado a alta atividade de doença e maior taxa de remissão completa e um grupo de início mais tardio, com resposta parcial ao tratamento imunossupressor. Há um prognóstico geral favorável após um ano de tratamento, sem alterações significativas após cinco anos de seguimento