Ateliê de vídeo e cultura juvenil: um estudo de caso sobre aprendizagem e socialização de jovens urbanos de segmentos populares através das tecnologias do vídeo digital

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: Rosatelli, Luiz Andre Carrieri
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-25062007-111552/
Resumo: O objetivo deste estudo é investigar como as tecnologias do vídeo podem ser mediadoras de novas formas de aprendizagem e socialização. A pergunta central que procura responder é como e por que razões o ateliê de vídeo, utilizando-se de estratégias de criação e produção, contribui para a formação de jovens de segmentos populares, moradores de bairros periféricos da Grande São Paulo. Neste processo de investigação procuramos: a) verificar a importância do audiovisual no contexto sócio-cultural juvenil e identificar tendências, temas e processos educativos; b) verificar em que medida a mediação através das práticas e procedimentos da produção de vídeo é um ato educativo. Convivemos durante 10 meses com 18 jovens inscritos em um programa de formação de uma organização não governamental, cujo objetivo era desenvolver conhecimentos sobre as tecnologias do vídeo digital para apoiar a ação coletiva e fortalecer a expressão juvenil. Realizamos uma pesquisa qualitativa, pois é um estudo de caso sobre um grupo de contornos bem definidos. As técnicas de cunho etnográfico nos aproximaram do contexto social e cultural que nos interessava observar e nos auxiliaram na tradução da linguagem do sujeito na sua forma mais espontânea ao explicitar o seu universo cultural durante um percurso de aprendizagem. Concentramos a análise da pesquisa nas falas dos jovens em três momentos específicos: nas redações do processo seletivo ao entrar no projeto; nos espaços de reflexão durante as atividades de criação; e, nas entrevistas individuais ao sair do projeto. Para entender o campo no qual se processam essas formas de aprendizagem e socialização buscamos aportes teóricos que forneceram ferramentas úteis para problematizar e cruzar conceitos comuns às áreas de educação e comunicação. Trabalhamos com abordagens de autores como: Jesús Martín-Barbero, Guillermo Orozco-Gómez e Mauro Wilton de Sousa, na área de sociologia e comunicação; José Machado Pais, Alberto Melucci, Regina Soares e Marilia Pontes Sposito, na área de sociologia e juventude; além de Fernando Hernández, na área de cultura visual e educação. Neles, encontramos idéias convergentes que reconhecem novos modos de apropriação dos códigos audiovisuais, pois consideram a relação entre a juventude e as tecnologias da comunicação mais complexa do que um processo funcional de acesso intuitivo, naturalizado pela onipresença das mídias. Seguindo essa linha de pensamento, acreditamos que os jovens decodificam, com maior ou menor qualidade, a realidade presente e que, portanto, desenvolvendo novo olhar sobre o mundo, aprendem de outro modo. O diferencial desse processo estaria no ato de mirar e mirarse, qualidade própria do vídeo uma vez que os procedimentos da produção do vídeo se associam às práticas culturais juvenis e se relacionam com formas de socialização em processos de identificação e pertencimento, desde que, intencionalmente, compreendidos como método de aprendizagem e intervenção.