Análise longitudinal de uma coorte de indivíduos com diabetes mellitus tipo 1 para caracterização da taxa de declínio da função renal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Pelaes, Tatiana Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5135/tde-05042022-140056/
Resumo: A doença renal diabética (DRD) é uma das principais causas de mortalidade em indivíduos com diabetes mellitus (DM), sendo a principal causa de doença renal terminal (DRT) no mundo. Estima-se que 20 a 30% dos indivíduos com DM desenvolvem DRD e acredita-se que, mesmo com o uso das terapias nefroprotetoras, a incidência de DRT não esteja diminuindo. A microalbuminúria é empregada como um marcador precoce de acometimento renal no DM. No entanto, devido a sua incapacidade de prever a evolução da DRD, novos biomarcadores de lesões glomerulares e/ou tubulares têm sido estudados. A expressão de alguns RNA mensageiros (mRNAs) no sedimento urinário tem sido investigada como potencial biomarcador da taxa de declínio da função renal e nosso grupo de pesquisa já propôs dois mRNAs-alvo, o do gene TXNIP, que codifica a proteína de interação com a tiorredoxina, e o do gene B2M, que codifica a beta-2 microglobulina. Considerando a escassez de dados acerca da progressão da DRD em nossa população e a importância de investigar marcadores preditivos da taxa de declínio da função renal, o presente trabalho realizou uma análise longitudinal da função renal de indivíduos com DM tipo 1 (DM1), acompanhados em um hospital terciário, para determinar (1) a taxa de declínio da função renal, identificando os fatores a ela associados e (2) se a expressão do mRNA dos genes TXNIP, TXN e B2M nas células do sedimento urinário de indivíduos com DM1 influencia a taxa de declínio da função renal. Um total de 465 indivíduos com DM1 foram incluídos (55,3% do sexo feminino; idade média de 31,0 [± 11,3] anos; duração da doença de 18,0 [± 9,7] anos e HbA1c média de 8,8 [± 2,1] % no início do seguimento). Os tempos médio e mediano de seguimento clínico foram de 8,9 e 10 anos, respectivamente. No início do seguimento, 100 indivíduos (21,5%) apresentavam DRD. A incidência acumulada de DRD foi de 28,2% e a densidade de incidência foi de 2,47 por 100 pessoas-ano. O tempo médio até a ocorrência da DRD foi de 13,6 anos. A incidência acumulada de DRT foi de 15,6% e a densidade de incidência do evento foi de 1,82 por 100 pessoas-ano; o tempo médio até a ocorrência de DRT foi de 14 anos. O declínio médio anual observado na taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) foi de - 6,15 mL/min/1,73m2 e o declínio mediano foi de -2,43 mL/min/1,73m2. Um declínio anual > -7,0 mL/min/1,73m2 foi caracterizado como declínio renal rápido (DRR) e foi observado em 26,9% dos indivíduos; um declínio entre - 6,9 e - 2,43 mL/min/1,73m2 foi caracterizado como declínio renal moderado (DRM), observado em 23,2% dos indivíduos e um declínio acima da mediana foi caracterizado como declínio renal lento ou ausente (DRLA) e foi observado em 49,9% dos indivíduos. Os fatores associados ao DRR em relação ao DRLA foram: pior controle glicêmico, maior albuminúria, maior frequência de hipertensão arterial, dislipidemia, neuropatia autonômica cardiovascular, hiperfiltração e DRD no início do seguimento e menor duração do DM. As expressões dos mRNA de TXNIP e de B2M foram avaliadas em um modelo de regressão linear misto em um subgrupo de 46 indivíduos e modificaram significantemente a evolução da TFGe ao longo do tempo ( = -2,4 e P=0,010 para TXNIP e = -27,1 e P=0,001 para a B2M). Em conclusão, na população de indivíduos com DM tipo 1 avaliada, 50% apresentaram um padrão de declínio renal rápido ou moderado, que se associou a um pior controle glicêmico e à presença de outras comorbidades. Os mRNAs de TXNIP e de B2M no sedimento urinário são candidatos a biomarcadores para predizer a progressão da DRD e requerem avaliação em coortes independentes