Monitoramento não invasivo da ciclicidade ovariana em Lycalopex vetulus

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Candeias, Isis Zanini das
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10131/tde-17032015-094340/
Resumo: Devido as atuais mudanças globais é esperado que um grande número de espécies necessitem de uma integração de ações dentro e fora do seu ambiente natural para a conservação. O bioma cerrado é um dos ecossistemas mais ricos em biodiversidade, mas devido a ação antrópica, resta menos de 20% de sua cobertura vegetal original. A Raposinha do Campo (Lycalopex vetulus) é um canídeo de pequeno porte (2,5-4kg) endêmico do cerrado do Brasil central e está presente na lista dos animais ameaçados de extinção do Estado de São Paulo. Não existe em literatura uma descrição detalhada do ciclo estral desta espécie. O presente estudo teve como objetivo caracterizar a ciclicidade ovariana de Lycalopex vetulus com o uso de método não-invasivo: Extração e mensuração de metabólitos fecais de progesterona e estradiol, com o uso da técnica de enzimaimunoensaio, verificando também a possível existência de diferenças mensais entre as médias das concentrações dos referidos metabólitos em um período de 12 meses. Foram utilizadas 8 fêmeas, adultas, presentes em cinco instituições no estado de São Paulo, onde foram coletadas fezes 3 vezes por semana de cada indivíduo, durante 12 meses, para a extração e mensuração dos metabólitos de progesterona, estradiol e corticosterona. Os perfis das excreções dos metabólitos fecais dos hormônios sexuais de 6 das 8 fêmeas, foram muito semelhantes, sendo período de maior atividade reprodutiva entre os messes de julho, agosto e setembro, ocorrendo mais de um ciclo ovulatório dentro desse período. Nos outros meses do ano, apesar de algumas variações acima da linha basal, não foram encontrados indícios de atividade reprodutiva. De acordo com essas características, semelhante entre a maioria das fêmeas do estudo, podemos sugerir que a raposa-do-campo seja poliestrica sazonal, com atividade reprodutiva ocorrendo nos meses de julho, agosto e setembro. Esses achados são muito próximos do visualizado em populações de vida livre, onde acasalamentos são observados entre junho e julho. O perfil de excreção dos metabólitos fecais de glicocorticóides segue o mesmo padrão observado para os metabólitos de progesterona e estradiol, com um aumento mais significativo da excreção nos meses de julho, agosto e setembro. Esses resultados indicam que além da grande quantidade de estressores que podem alterar a excreção de glicocorticóides, também deve-se considerar a flutuação sazonal e o status reprodutivo do indivíduo ao avaliar as concentrações de metabólitos de glicocorticóides. Duas fêmeas, que dividem o mesmo recinto, não apresentaram um padrão de ciclicidade reprodutiva. Os resultados obtidos nesse estudo indicam que a dosagem de metabólitos fecais de progesterona e estradiol podem ser usadas para diferenciar o período reprodutivo do período não reprodutivo em fêmeas de Lycalopex vetulus, fornecendo informações importantes sobre a biologia reprodutiva da espécie, o que pode contribuir no desenvolvimento de estratégias para a conservação desta espécie, como por exemplo aumentar o sucesso reprodutivo ex situ.