Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Eroico, Gabriel Henares |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6143/tde-14112023-181355/
|
Resumo: |
Introdução: Este estudo aborda o tema de investigações de acidentes do trabalho e as práticas de Saúde e Segurança do Trabalho (SST) de uma empresa ferroviária metropolitana brasileira de transporte de passageiros, confrontados com os resultados encontrados pela intervenção colaborativa das sessões do método MAPA Expandido. Desde 2009, ocorreram 15 acidentes de trabalho fatais nas dependências da empresa, sendo 13 por atropelamento por trem e dois por choque elétrico. Um desses acidentes em 2011, que vitimou três trabalhadores, levou à abertura de um Inquérito Civil Público (ICP) no Ministério Público do Trabalho (MPT) para investigar as condições de SST da empresa. O MPT percebeu ao longo da investigação, que as prescrições legais de SST, que eram exigidas para a organização, que é muito complexa, não conseguiam alcançar os objetivos preventivos, visto que os acidentes fatais continuavam acontecendo. Portanto, o MPT solicitou o auxílio do grupo de pesquisa USP-UNESP para abordar uma metodologia na organização que enxergasse além das prescrições legais. Objetivo: Analisar as práticas de segurança do trabalho de uma empresa ferroviária metropolitana de transporte de passageiros, a fim de contribuir para a disseminação de uma abordagem organizacional. Métodos: Foi realizada uma análise quantitativa de uma amostra de 98 acidentes típicos de trabalho (ocorridos entre 2017 e 2020), dos quais destes, três acidentes graves, um acidente fatal e dois incidentes de alto potencial de gravidade foram selecionados para uma análise qualitativa, totalizando seis eventos indesejados, sendo que destes, cinco foram objeto de investigação em uma comissão de sindicância da empresa. Na análise qualitativa foram utilizados os métodos Modelo de Análise e Prevenção de Acidentes de Trabalho (MAPA), e conceitos da Gravata Borboleta, Teoria do Queijo Suíço e Teoria da Atividade Histórico-Cultural (TAHC). Além dessas análises, foram explorados os resultados da investigação que utilizou a metodologia colaborativa do MAPA Expandido com a finalidade de compreender as hipóteses de contradições históricas que auxiliaram na compreensão da ocorrência de um incidente durante a atividade de manutenção da linha férrea. Resultados: Na análise sobre os 98 acidentes, a empresa conclui que dois casos (2,04%) ocorreram exclusivamente pelos atos inseguros dos trabalhadores, 28 casos (28,57%) ocorreram exclusivamente por condições inseguras e 68 casos (69,39%) ocorreram pela combinação de atos e condições inseguras. A organização utiliza a abordagem da segurança comportamental para fazer a análise e tentar prevenir novos acidentes. Foram identificadas cinco hipóteses de contradições que ajudam a entender as ocorrências, sendo a principal delas o fato da empresa intensificar e priorizar a utilização da linha férrea para o setor de circulação dos trens, enquanto a equipe de manutenção não tem tempo suficiente e se expõe a riscos e perigos para conseguir trabalhar na via permanente, o que muitas vezes interfere na confiabilidade do sistema e na produção do serviço. Conclusões: A sindicância, responsável por analisar acidentes graves/fatais e incidentes de alto potencial de gravidade, serve como meio jurídico-defensivo em vez de preventivo, no intuito da empresa se eximir de suas responsabilidades. Nas sindicâncias e em muitos dos relatórios de acidentes feitos pelos profissionais de SST (SESMT), os trabalhadores são culpabilizados pelas ocorrências, ocultando aspectos organizacionais. A gestão da segurança da empresa é voltada para a abordagem centrada no indivíduo e não evoluiu para a abordagem organizacional. A empresa ignora a existência da segurança em ação e apenas preconiza a segurança normatizada, portanto, não há um equilíbrio pertinente entre elas, visto que a gestão leva em consideração apenas o trabalho prescrito. Evidenciou-se que suas práticas de segurança são frágeis e pouco eficientes na prevenção dos acidentes. |