Orfandade adulta: vivências de luto antecipatório junto a genitor com câncer em progressão

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Scoz, Maria Carolina Pedroso
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-14022013-110711/
Resumo: O presente estudo teve por objetivo compreender as vivências emocionais de filhos adultos de genitor (pai ou mãe) acometido por câncer em progressão. Sabe-se que o câncer atualmente é uma das principais causas de morte na vida adulta e que, a despeito dos avanços diagnósticos e terapêuticos, alguns tipos de câncer têm aumentado em incidência ou permanecem entre aqueles cuja letalidade é alta. A gravidade da doença, somada a maior expectativa de vida da população em diversos países, impõe a filhos adultos a experiência de acompanharem o processo de agravamento que culmina na morte do genitor. Diante desse fato, a literatura científica situada no campo do luto tem se voltado para esse grupo, que, segundo alguns autores, ainda é negligenciado, sob a alegação de que a maturidade favorece naturalmente um melhor enfrentamento de perdas e que, por isso, pesquisas acadêmicas e serviços de saúde devem zelar apenas pelas necessidades de crianças e adolescentes confrontados com o luto filial. Outro fator que contribui com a desatenção à situação de filhos adultos de genitor com câncer avançado é a causa da morte, já que, não se tratando de morte acidental, violenta ou súbita, aparenta menor poder de impactar psiquicamente o enlutado. O que desafia essas noções é o incremento de livros autobiográficos e/ou de autoajuda que, junto a estudos científicos, apontam para a vulnerabilidade emocional gerada pela perda de pais. Esses trabalhos fortalecem e disseminam particularmente dois conceitos: luto antecipatório e orfandade adulta. Utilizamos como referência metodológica o Método Clínico-Qualitativo, entrevistando participantes que, em sua maioria, voluntariaram-se para participar após lerem cartaz-convite em salas de espera de uma clínica oncológica. Um participante foi diretamente convidado pela pesquisadora e outros dois decidiram participar após sugestão de um familiar que soube do estudo. As entrevistas semidirigidas foram gravadas, transcritas e categorizadas, oferecendo elementos para uma discussão compreensiva da situação investigada. Os trechos selecionados foram compondo o que, ao todo, são cinco categorias: o filho desamparado, o filho culpado o filho impotente, o filho criativo, o filho onipotente. Em uma análise detida de cada categoria, destacamos trechos mais representativos e buscamos discuti-los sustentados, em especial, por contribuições de Freud e Klein. A frequente referência a essas vivências emocionais desamparo, culpa e impotência ajuda a entender a necessidade desses filhos empregarem uma variedade de defesas psíquicas, algumas (chamadas aqui de embates contra a morte) utilizadas para a veemente negação da realidade imposta pela doença e outras, mais criativas (esforços pela vida), utilizadas para reparar danos imaginariamente causados à figura perdida, para preservá-la internamente como uma companhia perenizada e, também, para ligar-se a novas experiências que reduzam a dependência em relação a quem está morrendo. A multiplicidade de angústias relatadas por cada entrevistado sugere que o luto filial na vida adulta é um tema relevante de estudo e aplicação para profissionais de saúde mental, demandando um espaço de elaboração que ultrapassa ao largo o que um estudo acadêmico oferece a entrevistados