Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2012 |
Autor(a) principal: |
Douek, Daniel |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8158/tde-13122012-103208/
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Resumo: |
Contradizendo os pressupostos iniciais do sionismo, após pouco mais de 60 anos da fundação do Estado de Israel, a vida judaica na diáspora não findou, e foram desenvolvidos novos padrões de relacionamento entre as comunidades judaicas e o Estado de Israel. O presente trabalho analisa percepções e atitudes da comunidade judaica de São Paulo. Buscou-se verificar o modo como esta comunidade elabora, confere significado simbólico e prático e mantém o vínculo à distância com Israel por meio de suas principais instituições. Para isso, foram analisadas notícias, editoriais e artigos do jornal Tribuna Judaica ao logo de um período de cinco anos de janeiro de 2006 a dezembro de 2010. Também foram realizadas entrevistas semiestruturadas com dirigentes das entidades judaicas mais importantes e com representantes do Estado de Israel. Verificamos que os vínculos entre a comunidade judaica de São Paulo e o Estado de Israel são organizados e mantidos por um núcleo institucional relativamente pequeno, e reforçados por representantes do governo israelense que, periodicamente, visitam o Brasil. Para a comunidade judaica de São Paulo, viagens a Israel de curta ou longa duração também são importantes na aproximação com o país. Constatamos ainda que o vínculo com o Estado de Israel tornou-se parte indissociável da identidade da maioria dos judeus. Porém, verificamos que a percepção comunitária sobre o Estado de Israel é marcadamente idealizada, mítica, e anacrônica. Idealizada e mítica, pois está distante da realidade empírica apresentada em pesquisas desenvolvidas por historiadores, sociólogos, antropólogos, cientistas políticos e jornalistas daquele país. Anacrônico, pois a sociedade israelense é concebida como aquela de outrora, pré-quebra de consensos do sionismo hegemônico, formulado e cristalizado pelas elites ashkenazitas até a década de 1990. Disputas e conflitos internos, notadamente étnicos e religiosos, cada vez mais acirrados, são minimizados, assim como a herança dos judeus de origem oriental, de outros imigrantes judeus e não judeus e da população árabe nativa na formação da identidade israelense atual. Podemos destacar também que, apesar de o Brasil não apresentar tradição antissemita, o fato de grande parte dos membros da comunidade judaica brasileira atual serem refugiados ou descendentes de refugiados, isto é, marcados por memórias de perseguição e fuga no passado, como o é também a própria história judaica, faz com que o presente seja encarado com desconfiança e incerteza. O Estado de Israel é visto como um porto seguro contra o antissemitismo e, portanto, sua defesa nos fóruns políticos e diplomáticos locais adquire contornos de uma luta pela sobrevivência individual (de cada judeu) e coletiva (do povo judeu), não importando se os judeus estão na diáspora ou no Estado de Israel. Finalmente, percebemos que se, por um lado, a comunidade judaica possui laços fraternos com o Estado de Israel, por outro, não deixa de desenvolver sentimentos nacionalistas em relação ao Brasil ou de se integrar no sistema de poder local. |