Imagem corporal, atitudes alimentares e estado nutricional de mulheres submetidas à cirurgia plástica estética

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Mota, Diana Cândida Lacerda
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59134/tde-02032017-141710/
Resumo: O desejo em atingir padrões socioculturais de beleza estabelecidos atualmente, especialmente no sexo feminino, parece contribuir para um crescimento significativo da busca e realização de cirurgias plásticas estéticas (CPE) no Brasil. Mulheres que se submetem a tais procedimentos cirúrgicos podem ser menos precisas ao estimarem o próprio tamanho corporal, são mais insatisfeitas com a aparência física e podem apresentar em maior proporção, atitudes de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares quando comparadas aquelas que não buscam por cirurgias. Estes fatores, associados a um estado nutricional (EN) inadequado, são considerados de risco à saúde, especialmente nos períodos perioperatório de CPE. Diante da importância da avaliação da imagem corporal, atitudes alimentares e do estado nutricional (EN) em solicitantes de CPE, bem como da escassez de estudos nacionais sobre o tema, o objetivo do presente estudo foi investigar estas variáveis em 60 mulheres (grupo clínico G1), antes e aproximadamente seis meses após a realização dos seguintes procedimentos cirúrgicos estéticos: mastoplastia de aumento, lipoaspiração e abdominoplastia, em dois serviços de cirurgia plástica de Ribeirão Preto/SP. As variáveis também foram investigadas em 60 mulheres que não buscavam por CPE (grupo de comparação não equivalente G2), a fim de compará-las com as solicitantes de CPE no período pré-operatório. Foram utilizados: Questionário de Dados Sociodemográficos e de Condições Clínicas; Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB); Escala de Figuras de Silhuetas (EFS) feminina para adultos; Body Dysmorphic Disorder Examination (BDDE) e o Teste de Atitudes Alimentares (EAT-26). Para classificação do EN foram coletados dados de peso e estatura corporais para cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) e de composição corporal (porcentagem de gordura corpórea - % de GC), sendo que esta última avaliação foi realizada apenas no G1. Os dados foram analisados por meio de testes estatísticos apropriados à distribuição da amostra (p<0,05) e por meio de estatística descritiva. As médias de idade foram de 37,98 anos (±10,93) e 37,93 anos (±11,83) e para o G1 e G2 respectivamente (p=0,81). A maioria das avaliadas de ambos os grupos foi classificada com eutrofia (p=0,20), embora parcela importante estivesse acima do peso; o G1 ainda apresentou alta % de GC; não foi verificado efeito de intervenção para o EN pela avaliação do IMC (p=0,89) e % de GC (p=0,15) para o G1. A EFS apontou que a maior parte das avaliadas superestimou e estava insatisfeita com o tamanho corporal, além disso, a maioria gostaria de possuir uma silhueta menor em ambos os grupos (p>0,05); após a cirurgia as avaliadas do G1 apresentaram maior chance de estarem acuradas e satisfeitas com o próprio tamanho corporal em relação ao período pré-cirúrgico (p<0,05). Os dados do BDDE apontaram que as entrevistadas do G2 estavam mais satisfeitas com a aparência física quando comparadas ao G1 (p=0,04); já após a CPE, observou-se uma chance maior de as participantes do G1 estarem satisfeitas com a aparência em relação ao período anterior à cirurgia (p<0,01). O EAT-26 apontou que a maioria das avaliadas, de ambos os grupos, não apresentou atitudes de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares, embora parcela considerável das participantes do G1 (n=20) tenha apresentado o risco, sendo que destas, 100% estavam insatisfeitas com o tamanho corporal; não houve evidências de intervenção em relação ao risco para TA nos períodos pré e pós-operatório (p=0,85). Não foram encontradas associações entre as classificações obtidas pelos instrumentos (EFS; BDDE e EAT-26) e as demais variáveis sociodemográficas e econômicas analisadas (p>0,05); verificou-se ainda que as classificações obtidas foram independentes do número de cirurgias realizadas. A prevalência de insatisfação com o corpo e inadequação do estado nutricional, bem como a proporção considerável de atitudes alimentares de risco observados no presente estudo, reforçam a necessidade da avaliação e seleção mais criteriosa destes pacientes antes de se submeterem à CPE. Este cuidado torna mais viável a adoção de medidas de prevenção e intervenção precoces mais efetivas em relação à saúde física e mental dos pacientes, garantido ainda resultados cirúrgicos mais satisfatórios, além de favorecer a diminuição dos gastos dos sistemas de saúde evitando possíveis desgastes emocionais e judiciais para as partes envolvidas.