Estudo da alteração intempérica das rochas ricas em apatita da Mina de Campos, associadas ao maciço alcalino-carbonatitico de Ipanema, SP

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1995
Autor(a) principal: Florêncio, Raquel Valério de Sousa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44134/tde-26102015-174608/
Resumo: Este trabalho trata dos materiais intemperizados expostos na Mina Gonzaga de Campos, formados a partir de rochas ricas em apatita associadas ao Complexo Alcalino Carbonatítico de Ipanema (SP), e visou ao reconhecimento das modificações morfológicas, filiações minerais e evolução química geral causadas pelo processo intempérico. Esta área corresponde a um dos locais pesquisados pela Serrana S.A. de Mineração, visando à lavra experimental do depósito fosfático de Ipanema, associado ao Complexo. Os estudos realizados (morfológicos, mineralógicos e geoquímicos pontuais) evidenciaram a presença de dois tipos litológicos básicos no local, interrelacionados espacialmente de maneira complexa, sendo que um deles apresenta características de dique, cortando o outro, anterior. São eles, respectivamente, rocha apatítica bandada (biotita, hastingsita, apatita, magnetita) e rocha glimerítica (biotita, apatita, hastingsita). Os minerais primários apresentaram uma evolução química e mineral em direção a materiais secundários típicos do intemperismo em clima tropical, sendo que as fases filossilicáticas apresentaram estágio intermediário importante. Assim, os anfibólios (hastingsita) mostraram alteração para oxihidróxidos de ferro (goethita) em pseudomorfoses. As biotitas, passando por estágio importante de interestratificados biotita-vermiculita e vermiculita, mostraram evolução para caulinita somente nas partes mais evoluídas do perfil. A magnetita mostrou dissolução parcial e, finalmente, a apatita evoluiu para wavelita. Apatita secundária teve formação muito restrita e ligada à mobilização de fósforo e cálcio fora dos pontos com apatita primária. A maior parte do perfil é de isalterita, sustentada pelos produtos ferruginosos e apatita, mais resistente. A aloterização ocorre tanto pela desestabilização progressiva das pseudomorfoses, como pela invasão de produtos iluviais (com presença de Fe, Si, Al, P e Ti, formando goethita, caulinita e wavelita) ao longo de fissuras em sucessivas gerações de cutãs que ajudaram a destruir o caráter isalterítico. Enquanto que na isalterita ainda há elementos potencialmente lixiviáveis nestas condições de intemperismo laterítico, tanto pela mais tardia alteração das apatitas (no caso do Ca) como pela lenta evolução das biotitas (no caso do K e Mg e, em menor escala, do Si), na aloterita ocorrem somente os elementos residuais (Fe, Al e, em parte, Si). O fósforo quase não ocorre na aloterita, demonstrando que sofreu lixiviação após a formação dos fosfatos secundários, embora não tenha sido verificada diretamente a desestabilização da wavelita. Dois pontos a serem ressaltados neste estudo com respeito a peculiaridades deste setor do manto de alteração sobre o Complexo de Ipanema são os seguintes: a) a alteração da apatita forma diretamente um fosfato de alumínio (wavelita) sem estágios intermediários existentes em outros locais (fosfatos da família da crandalita), promovendo, portanto, uma lixiviação imediata do cálcio mesmo em micromeios aparentemente mal drenados (espaços inter e intracristalinos fechados) e b) o papel do intemperismo na gênese do depósito mineral fosfático de Ipanema foi no sentido de friabilizar a rocha e não de promover um enriquecimento relativo em fósforo apatítico, já que a grande quantidade de micas primárias sofreram lenta evolução com pouca perda de matéria na maior parte do perfil, ao contrário do que ocorre em outros maciços com menor abundância de minerais micáceos em suas rochas primárias, onde a alteração com perda importante de massa aumenta relativamente os teores em apatita.