Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Rego, Yarace Morena Boregas e |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-11022019-151544/
|
Resumo: |
A mobilidade e as experiências de liberdade de pessoas negras pobres e remediadas no período imediatamente anterior e posterior à abolição (1880-1900) em São Paulo foram comumente interpretadas como desordem, distúrbio e vadiagem por autoridades policiais mais comprometidas com os interesses das elites políticas e econômicas locais, tanto do final do Império quanto do início da República. Aproximando-se das tensões sociais do contexto abolicionista e seus anos seguintes, identificamos um contexto geral de violência e vulnerabilidade social para afrodescendentes em geral, especialmente os que buscavam desprender-se da escravidão. No entanto, a partir de um olhar interessado pelos sentidos internos de suas experiências, podemos interpretar na leitura das fontes pesquisadas inúmeras estratégias de mobilização e táticas de sobrevivência produzidas por mulheres e homens negros oriundos de diferentes regiões. A documentação policial (ofícios e partes policiais) e os relatórios de fiscalização urbana nos informaram sobre práticas de resistência e afirmação dessa população, que através de lutas multifacetadas e da negociação de direitos esforçou-se em construir sua cidadania com mais autonomia a partir de padrões culturais próprios e específicos. Isto incluiu deslocamentos constantes, além da busca por relações de trabalho reguladas por noções costumeiras de reciprocidade, mas sem extrapolar suas necessidades de subsistência, ampliando assim suas possibilidades de autonomia. Estas manifestações podem ser traduzidas como rechaço às tentativas de controle social cujo objetivo era restringir a experiência de afrodescendentes somente a oferta e/ou venda precária de sua mão-de-obra. Indo além das relações de trabalho, as acusações de vagabundagem e/ou vadiagem, embriaguez, ou a perseguição a determinados padrões de sociabilidade e aos ajuntamentos motivados por jogos prohibidos, dansas e/ou batuques, práticas festivas e/ou religiosas são rubricas que testemunham negociações que se fizeram necessárias aos projetos de implantação de uma modernidade orientada pelo racismo e sanitarismo hegemônicos no panteão científico da época. Por fim, situamos nosso objeto em relação às premissas da agência histórica e, mais especificamente, aos debates historiográficos sobre continuidades nas experiências de liberdade de escravizados e ex-escravizados como orientadoras na construção de uma cidadania possível. Nos referenciamos também nas teorias acerca das implicações estruturais da presença centro-africana na formação social e cultural afro-americana em geral, e do sudeste brasileiro em particular. |