Periferia: conceito, práticas e discursos; práticas sociais e processos urbanos na metrópole de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Tanaka, Giselle Megumi Martino
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16137/tde-26052010-133856/
Resumo: Esta dissertação de mestrado tem como objetivo analisar como o conceito de periferia foi construído socialmente, ao longo da segunda metade do século XX, como um conceito que se pretendeu explicativo dos fenômenos urbanos na metrópole de São Paulo. A idéia da metrópole como uma estrutura urbana configurada por um centro e uma periferia tem sido uma forma geral de descrever e mesmo explicar as dinâmicas de crescimento urbano de São Paulo. Trata-se de um modelo de entendimento resultante de um rico período de debates, pesquisas e processos sociais que levaram à construção da noção de periferia como uma noção explicativa das particularidades do desenvolvimento urbano de uma metrópole em um país industrial subdesenvolvido. A dissertação procura identificar o contexto do debate acadêmico em que periferia passa a ser utilizada com um sentido específico na literatura do campo de pesquisas urbanas da década de 1970, marcadamente do pensamento crítico brasileiro (sobre a formação da sociedade brasileira que visava a formulação de um projeto de desenvolvimento nacional com a superação das desigualdades sociais) e da sociologia urbana francesa. Apresenta pesquisas e ensaios que conceituam periferia e a colocam no centro da questão urbana no Brasil, e que levaram à incorporação da periferia como objeto de estudo e tema central da pesquisa urbana. A noção de periferia é uma construção social relacionada a práticas e discursos de sujeitos sociais e políticos de um contexto histórico específico, de ascensão dos chamados movimentos sociais urbanos, e de intensas mudanças na sociedade brasileira: a transição de um regime político autoritário e centralizador, para uma abertura democrática; e a passagem de um contexto de intenso crescimento econômico de base urbana-industrial para um período de recessão e agravamento dos problemas urbanos e sociais. Ao abordar a noção de periferia, procurando entender em que condições, este conceito adquire uma centralidade na questão urbana brasileira e como este conceito reforça uma chave de leitura das contradições da sociedade brasileira, pretendemos contribuir para a construção de um pensamento urbano que busque constituir questões relacionadas aos reais problemas das cidades brasileiras. Esta é certamente uma tarefa muito mais ampla que o âmbito deste trabalho. Escolhemos explorar este caminho de estudos, entendendo que a noção de periferia, está ainda fortemente presente nas leituras da metrópole de São Paulo, mas esvaziada da carga teórica que a constituiu. Superar esta visão significa voltar a pesquisa urbana para os fatores determinantes no processo de produção do espaço urbano, da segregação sócio-espacial, de deterioração do ambiente urbano e da qualidade de vida na cidade. Por meio da crítica e da identificação das limitações das formas de conhecimento que temos sobre as questões urbanas hoje, podemos construir novas bases para a apreensão das lógicas efetivas que regem a produção da cidade.