Avaliação manométrica dos peristaltismos primário e secundário do esôfago em pacientes com doença do refluxo gastroesofágico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2002
Autor(a) principal: Aben-Athar, Cynthia Gutierrez
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-15022024-153304/
Resumo: A doença do refluxo gastroesofágico tem origem multifatorial. Entre os mecanismos envolvidos na sua fisiopatologia estão os distúrbios da motilidade esofágica, sendo o peristaltismo esofágico primário e o secundário responsáveis pela depuração do material gástrico refluído para o esôfago e, portanto, pelo menor tempo de contato entre o ácido e o epitélio esofágico. Neste estudo avaliou-se a atividade motora esofágica primária e a secundária em pacientes com doença do refluxo gastroesofágico com e sem lesão da mucosa esofágica, inclusive pacientes com esôfago de Barrett, comparando-os com pacientes com sintomas de refluxo (pirose e/ou regurgitação), mas com exposição ácida esofágica normal, e com voluntários assintomáticos. O peristaltismo primário foi avaliado através de deglutições de 5ml de água em intervalos de 30 segundos. O peristaltismo secundário foi avaliado em resposta a infusões de água, ácido e ar no esôfago médio, em diferentes volumes (5, 10ml e 15ml). Observou-se que a atividade motora esofágica, tanto primária quanto secundária, está comprometida nos pacientes com doença do refluxo. O déficit motor é mais evidente nos pacientes com lesão mais grave da mucosa esofágica, e mais ainda nos pacientes com esôfago de Barrett. As alterações são tanto qualitativas, isto é, menor proporção de seqüências peristálticas, quanto quantitativas, ou seja, as contrações peristálticas têm menor amplitude de contração. As infusões com volume de 5ml foram menos eficientes no desencadeamento de resposta motora secundária, não havendo diferença significativa entre os volumes de 10ml e 15ml. A infusão de ácido no esôfago médio mostrou-se menos eficiente no desencadeamento de resposta motora secundária nos pacientes com esofagite de refluxo do que as infusões de água e ar, sendo esse dado importante na patogenia da doença do refluxo, já que o estímulo ácido é o que mais se assemelha ao refluxo fisiológico. Não houve diferenças significativas na resposta motora primária e secundária entre os pacientes sintomáticos com exposição ácida normal e os voluntários assintomáticos, o que sugere que a exposição ácida aumentada tenha algum papel na deteriorização da função motora do esôfago. A maioria dos pacientes com distúrbio motor primário do esôfago apresentou também distúrbio motor secundário, mas o contrário não foi observado, o que sugere que o defeito esteja na via aferente sensitiva, e não na via motora eferente. Apesar da pressão do esfíncter esofágico inferior ter sido significativamente menor nos pacientes com esofagite erosiva e esôfago de Barrett, esse dado não interferiu na incidência de distúrbio motor esofágico primário ou secundário. Da mesma forma, a intensidade e a freqüência dos sintomas também não tiveram correlação com a incidência de distúrbios motores esofágicos. Portanto, como já havia sido relatado em estudos prévios, este estudo evidenciou a íntima relação entre a doença do refluxo gastroesofágico e os distúrbios motores do esôfago. Evidenciou ainda o papel do ácido como promotor e perpetuador da lesão esofágica, já que não só é o agente causador da lesão, como também é pouco eficiente na estimulação de peristalse secundária nos pacientes com esofagite de refluxo.