Seringueiros da Amazônia: sobreviventes da fartura.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2002
Autor(a) principal: Santos, Nilson
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-07052002-130429/
Resumo: Esta pesquisa foi realizada na Reserva Extrativista do Rio Ouro Preto, no município de Guajará-Mirim, no Noroeste do Estado de Rondônia. Saindo do porto da cidade, duas horas de voadeira subindo o Rio Mamoré, fica a foz do Rio Pacaás Novos, início da Reserva Extrativista de Seringueiros de Guajará-Mirim, mais três horas fica o Rio Ouro Preto, que juntamente com outros igarapés compõem a Reserva. A Reserva é ocupada em grande parte por filhos dos Soldados da Borracha, restando poucos que vieram na época da guerra; a maioria nasceu no seringal. No diálogo estabelecido a partir da História Oral concebida por Meihy, metodologia escolhida para este trabalho, os seringueiros falaram sobre suas vivências, aventuras de trabalho, histórias que conheceram, o que foi sendo incorporando ao discurso como vivências e o que carregam de sua comunidade de referência, as situações que os identificam e os marcaram independente de terem participado delas ou não. Por vezes algumas histórias são recorrentes, como se fossem condições inescapáveis à vida de qualquer seringueiro. A escolha foi de atribuir ao narrador o estabelecimento, na narrativa, de sua própria ordem; sua própria historicidade épica, apaixonada, ou engajada, incorrendo no risco de realizar a supressão de longos períodos da vida que por algum motivo foram secundarizados ou apagados, com total responsabilidade do narrador, estabelecendo um pacto ético e político com ele e não mera solidariedade ou tolerância. Assim, brotou não apenas uma temporalidade e uma geografia própria, mas muitas, o que torna difícil o trabalho tradicional de interpretação. Os textos nascidos das entrevistas sugeriram fortemente a idéia de SOBREVIVENTES até mesmo pelo seu caráter provisório, pois a dimensão de comunidade de seringueiros parece mais frágil que a de sobreviventes isolados, cuja provisoriedade repousa na mitologia diversificada e contraditória. Para tanto, pela primeira vez na Geografia é apresentada a narrativa voluntária, integral e singular de um grupo de seringueiros. Garantindo que as vozes SOBREVIVENTES se digam, para que, sobre esse dizer, possam surgir outros interlocutores que naveguem por essas vozes, também como narrativa, fazendo surgir a vida do seringueiro como ela é, como cada um deles gostaria que fosse identificada. O resultado não se assemelha a um dizer naturalizado e sem rosto, nem é mero suporte explicativo.