Infecções fúngicas invasivas em crianças e adolescentes com câncer

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Brandi, Anna Carlota Mott Barrientos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5141/tde-09032020-104112/
Resumo: As infecções fúngicas invasivas (IFI) estão cada vez mais presentes nos hospitais pediátricos, especialmente em pacientes oncológicos, sobretudo nos portadores de leucemias mielóides agudas (LMA) e nos transplantados alogênicos de células tronco hematopoiéticas (TCTH alôgenicos). Vários são os fatores de risco para o desenvolvimento de IFI como a própria doença neoplásica primária, a alteração da integridade da mucosa e o uso de terapia imunossupressora. A detecção do agente através de cultura e microscopia em amostras apropriadas é considerada o padrão ouro para o diagnóstico das IFI. O diagnóstico precoce e o início da terapia específica são cruciais para o aumento da sobrevida desses pacientes. Os principais desafios no diagnóstico de IFI em crianças são a falta de sinais radiológicos específicos, a baixa especificidade de testes laboratoriais e as limitações da indicação de procedimentos invasivos na busca de um diagnóstico histológico de certeza. Dados sobre a epidemiologia e o desfecho das IFI em crianças com câncer são limitados. O objetivo do estudo foi descrever as características epidemiológicas, clínicas, fatores de risco e desfecho das IFI nas crianças e adolescentes com câncer. Os resultados foram baseados na revisão de prontuários dos pacientes com diagnóstico de infecção fúngica invasiva entre janeiro de 2009 a outubro de 2014 em um centro médico pediátrico terciário de tratamento de doenças onco-hematológicas. A infecção fúngica invasiva foi definida de acordo com os critérios do EORTC/MSG. No período do estudo, foram analisados 75 episódios de IFI - 44 possíveis, 4 prováveis e 27 confirmadas - que ocorreram em 69 pacientes. A taxa de incidência de IFI nas leucemias foi de 21% para as LMA e 4,2% para as LLA. A taxa de mortalidade geral foi de 14,6%. Dos 31 episódios de IFI prováveis/confirmadas, quinze (48,3%) foram por Candida spp. (sendo 86,6% não-albicans), 15 (48,3%) por fungos filamentosos (não-Aspergillus em 46,6%) e 1 caso por Trichosporon asahii. A neutropenia e o uso de quimioterápicos de alta intensidade foram encontrados em 86,6% e 64,3% dos pacientes com IFI, respectivamente. A presença de alteração de pele esteve estatisticamente associada a diagnósticos confirmados das IFI (p = 0,001). 76% das IFI apresentaram alteração radiológica do pulmão e apenas 48% dos pacientes apresentaram sintomas respiratórios. Apesar das taxas atuais de mortalidade por IFI em crianças com câncer serem menores do que as relatadas anteriormente em crianças e adultos, a mudança no perfil epidemiológico em que a proporção de candidemia não-albicans está aumentando, e os fungos não-Aspergillus estão emergindo como importantes patógenos poderá ter implicações futuras tanto para a profilaxia, terapia empírica e como para o prognóstico desses quadros. Mais estudos são necessários para o desenvolvimento de melhores estratégias para o diagnóstico precoce e tratamento das IFI na população da onco-pediatria