Avaliação epidemiológica e dos fatores de risco para mortalidade das infecções de corrente sanguínea por Candida sp

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Araujo, Jordana Machado
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5134/tde-05022024-163245/
Resumo: Candidemia é definida pelo isolamento de espécies de Candida sp na corrente sanguínea. Os fatores de risco que predispõe um paciente a desenvolver essa infecção são encontrados principalmente em pacientes de maior gravidade. A espécie mais prevalente no Brasil e no mundo é C. albicans, seguido das principais não-albicans, como C. parapsilosis, C. tropicalis e C.glabrata. É uma infecção com elevada mortalidade, sendo que no Brasil esse valor tende a ser mais elevado do que em países desenvolvidos. O objetivo desse estudo é atualizar e avaliar as características clínicas e epidemiológicas, bem como os fatores de risco para mortalidade das infecções da corrente sanguínea por Candida sp no Instituto Central do HC-FMUSP, no período de janeiro de 2016 a dezembro de 2020, sendo que este último ano foi caracterizado pela pandemia de COVID-19. É um estudo retrospectivo, baseado em análise de prontuário e os dados foram coletados em planilha do Excel. O desfecho principal é mortalidade em 30 dias. No período do estudo foram inicialmente incluídos 248 episódios de candidemia, com 78 excluídos, resultando em 170 episódios para análise. 58.2% ocorreram em indivíduos do sexo masculino e idade média 56 anos (4-86 anos). A mediana de tempo entre admissão e candidemia foi de 15 dias (0 a 387 dias). A densidade de incidência (DI) de candidemia por 1.000 admissões e por 1.000 pacientes-dia durante o período de estudo foi de 1.17 e 0.17, respectivamente. No ano de 2020, esses valores foram de 1.18/1000 admissões e 0.18/1000 pacientes-dia. Esses valores foram maiores do que os valores de 2017-2019. A comorbidade mais encontrada foi doença do trato gastrointestinal (41.7%), seguido de doença renal crônica (22.3%). Dentre os fatores de risco, o uso de cateter venoso central (CVC) foi o mais prevalente (93.5%), seguido de uso de antibiótico nos últimos 30 dias (91.1%). Uso de corticoide figurou em sétimo lugar (56.4%). Entre as espécies isoladas, C. albicans foi a mais comum, com 71 (41.7%) dos isolados, em segundo lugar C. tropicalis e C. glabrata, com 34 (20%) cada. Dos 170 pacientes, 118 foram submetidos a tratamento e a droga inicial mais utilizada foi uma equinocandina (60.1%), seguido de fluconazol (37%). Em relação ao dispositivo vascular, este foi retirado em 84.6% dos casos, com mediana de 2 dias entre candidemia e retirada. Ecocardiograma foi realizado em 70.3% dos casos com incidência de endocardite infecciosa de 6 (5.08%) casos. 68.6% dos pacientes foram submetidos a fundoscopia, resultando em 2 (2.4%) casos de endoftalmite. A mortalidade em 30 dias foi de 93 (54.7%). Os principais fatores de risco associados a mortalidade nessa casuística foram: idade (OR 1.03, IC 1.01 1.06), doença cardíaca (OR 7.51, IC 1.48 37.9), hemodiálise (OR 3.68, IC 1.28 10.57) e uso de corticoide (OR 2.83, IC 1.01 7.92). Os fatores associados a sobrevida foram: transplante (OR 0.16, IC 0.03 0.73), descalonamento para fluconazol (OR 0.84, IC 0.03 0.81) e o tempo maior entre candidemia e a retirada do cateter (OR 0.84, IC 0.73 0.96). Esse estudo trouxe um dado importante sobre o aumento do número de candidemias por C. glabrata (20%), o que tem grande relevância na prática clínica. Além disso, foi evidenciado que a pandemia de COVID-19 teve impacto no aumento da incidência de candidemia. A mortalidade ainda elevada ressalta a necessidade de melhores estratégias de manejo, controle de fatores de risco e garantia de tratamento adequado