O riso e a náusea: a disputa simbólica encenada em um programa de televisão

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2003
Autor(a) principal: Sampaio, Lilian Alves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
TV
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-21062013-105729/
Resumo: A transmissão do Programa do Ratinho colocou em evidência uma antiga questão sobre a qualidade dos programas exibidos pela televisão brasileira, em que se traça uma distinção entre o que é de alto nível e o que é de baixo nível. A leitura dos artigos publicados na imprensa revela que o programa provoca um profundo mal-estar em determinados grupos, por outro lado, a etnografia do programa mostra que as rupturas, tanto das normas de conduta quanto das regras do gênero televisivo, são propositais e carregam uma dimensão cômica. É essa inter-relação entre o mal-estar e o riso que sugere o sentido das rupturas praticadas no programa. O diálogo indireto entre o conteúdo do programa e as críticas impressas nos jornais mostra a construção de uma identidade positiva em torno do ideal de autenticidade, que se opõe à imagem negativa, de degradação moral, veiculada pela imprensa. Nesse sentido, revela uma disputa simbólica que conjuga no mesmo movimento a distinção e a desqualificação do outro. O programa encena essa disputa, em que se define o que é desejável e o que é desprezível, o que dá dignidade e o que degrada o ser humano, simulando a inversão da escala de valores na qual aqueles que se incomodam são colocados como inferiores em relação ao apresentador e aqueles que apreciam o programa, os quais se apropriam das qualidades associadas à superioridade moral.