Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2013 |
Autor(a) principal: |
Romão, Davi Mamblona Marques |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-30072013-113910/
|
Resumo: |
O objetivo desta pesquisa é analisar e discutir a forma como a violência é apresentada nos programas do gênero televisivo Jornalismo Policial. Para tanto, selecionamos como material de análise algumas edições de programas do gênero. Em seguida, a partir de conceitos fundamentais da Teoria Crítica da Sociedade, em especial os de indústria cultural, pseudoformação e falsa projeção, além de bibliografia específica sobre o tema, procuramos traçar a estrutura básica destes programas e interpretá-la criticamente. Os programas selecionados foram o Brasil Urgente (transmitido pela TV Bandeirantes São Paulo), o Cidade Alerta e o Balanço Geral (ambos transmitidos pela TV Record São Paulo). Para a realização da análise, assistimos e transcrevemos um total de 7 edições. Identificamos que o conteúdo do Jornalismo Policial pode ser dividido em três categorias principais, as quais se repetem estereotipadamente em todas as reportagens. A primeira categoria corresponde a recursos sensacionalistas utilizados para a captação e manutenção da atenção dos telespectadores. A segunda tem por função a construção de uma aparência de credibilidade e autoridade para a visão de mundo apresentada. Já a terceira é a visão de mundo apresentada pelo Jornalismo Policial. Nesse sentido, identificamos a compreensão de que a realidade social brasileira é extremamente perigosa, de que somos todos muito vulneráveis e de que a fonte desses perigos são as pessoas de mau caráter. Os programas afirmam constantemente o medo gerado pela violência que nos cerca. Como resposta, os apresentadores pedem raivosamente por leis mais fortes e por policiamento mais amplo e eficiente. Para além disso, não há nenhuma discussão aprofundada sobre o problema da violência. A partir desta análise dos programas, chegamos à conclusão de que a estrutura do Jornalismo Policial parece provocar pelo menos dois grandes efeitos em seu público: por um lado, ela coloca seus telespectadores em uma posição conformista, por meio da qual o sistema social é protegido e reforçado; por outro lado, os programas alimentam uma forma paranoica de relação com a realidade social que nos circunda. O aspecto paranoide do Jornalismo Policial está vinculado à sua forma de apresentar a realidade social. O discurso dos programas serve basicamente para a construção de uma imagem de mundo fundada no medo. Este medo seria proveniente da contínua exposição a pessoas de má índole, os criminosos, que são identificados como causa de todos os males apresentados. Constrói-se, assim, tal como no delírio paranoico, uma realidade persecutória da qual o indivíduo deve se proteger. Ao mesmo tempo, um determinado grupo social no caso, os criminosos é eleito como bode expiatório, sendo a ele dirigida a raiva proveniente das mais diversas frustrações geradas socialmente. O ódio presente no discurso dos programas indicaria a necessidade de atacar esse bode expiatório, sendo uma resposta a sua lógica persecutória. Assim, os próprios programas servem de ocasião para expressão da raiva por eles alimentada. No entanto, ao oferecer uma satisfação parcial a seus telespectadores e ao desviar a atenção destes das verdadeiras causas de suas angústias, o Jornalismo Policial acentuaria ainda mais uma postura conformista |