Existe associação entre doença periodontal e câncer? Análise investigativa clínica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Stuani, Vitor de Toledo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/25/25146/tde-16082016-102021/
Resumo: Os tumores na região de cabeça e pescoço são frequentes ao redor do mundo, estando relacionados a altas taxas de morbidade e mortalidade. Recentemente, alguns estudos propuseram a associação entre doença periodontal, risco de câncer e piora na qualidade de vida de pacientes oncológicos. O objetivo deste estudo é investigar a possível associação clínica entre doença periodontal e neoplasias de cabeça e pescoço antes e após seu tratamento. Para isso, foram incluídos no grupo teste 40 pacientes de ambos os sexos, &#x2265;18 anos e com diagnóstico de câncer de cabeça e pescoço. Estes pacientes foram subdivididos em dois subgrupos: antes (T1; n=20) e após (T2; n=20) o tratamento quimio e/ou radioterápico. O grupo controle foi formado por 40 pacientes sistemicamente saudáveis selecionados aleatoriamente, sem diferenças significativas entre os grupos em relação à idade e sexo. Os pacientes responderam a um questionário de qualidade de vida relacionada à saúde oral (OHIP-14) e foram examinados periodontalmente em boca toda quanto às medidas de profundidade de sondagem (PS), recessão (REC)/hiperplasia (HP), nível de inserção clínica (NIC), índice de sangramento gengival (ISG) e índice de placa (IPl) e número de dentes perdidos. O nível ósseo proximal foi determinado a partir de imagens radiográficas pela distância entre junção cemento-esmalte e crista óssea alveolar (JCE-CA). O desfecho primário foi definido pelo diagnóstico de câncer pela equipe médica responsável, enquanto que a medida de exposição foi a doença periodontal. Houve maior número de dentes perdidos (p= 0.0017; ANOVA pós-teste Tukey) e maior quantidade de placa (p= 0.0003; Kruskal Wallis pós-teste Dunn) no grupo T2 comparativamente ao controle, porém sem diferenças em relação ao grupo T1. Não houve diferença entre os grupos (p> 0.05) quanto ao ISG, PS, REC/HP, NIC e prevalência de doença periodontal. A distância JCE-CA (p= 0.007; teste exato de Fischer) e a extensão da doença periodontal em &#x2265; 50% dos sítios (p= 0.0033; teste exato de Fischer) foram significativamente maiores no grupo teste. Foi observada associação entre câncer na região de cabeça e pescoço, presença de doença periodontal em &#x2265; 50% dos sítios (OR= 5,12; 95% CI: 1,76 14,91) e distância JCE-CA &#x2265; 4 mm (OR= 2.91; 95% CI: 1.14 7.39). Não houve associação entre câncer na região de cabeça e pescoço e exposição prévia ao fumo (p= 0.81; teste exato de Fischer) e etilismo (p= 0.15; teste exato de Fischer). Na análise da qualidade de vida relacionada à saúde oral, o grupo teste apresentou maior impacto do que o controle nas dimensões limitação funcional (p< 0.0001; Mann Whitney), dor física (p= 0.02; Mann Whitney), incapacidade social (p= 0.01; Mann Whitney), desvantagem social (p= 0.03; Mann Whitney) e na somatória das pontuações (p= 0.0092; Mann Whitney). Houve diferenças significantes entre os grupos T1 e T2 apenas no domínio limitação funcional (p= 0.0058; Kruskal Wallis pós-teste Dunn). Estes resultados sugerem que a extensão da doença periodontal em &#x2265; 50% dos sítios e a perda óssea interproximal média, determinada por meio da distância JCE-CA, &#x2265;4 mm estão associadas ao câncer na região de cabeça e pescoço.