Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Paula, Thaís Plepis de |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/60/60135/tde-04092019-150044/
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Resumo: |
O vírus Zika é um arbovírus da família Flaviviridae causador de uma importante doença em humanos. A fisiopatologia desta arbovirose é pouco conhecida e não existem vacinas ou terapias clinicamente aprovadas capazes de controlar e prevenir esta doença viral. A infecção por Zika pode ser desde assintomática, até provocar distúrbios neurológicos graves, como a síndrome de Guillain-Barré e a microcefalia em recém-nascidos de mães infectadas, e até a morte de neonatos e indivíduos imunocomprometidos. O reconhecimento de glicanas por lectinas do hospedeiro participa do mecanismo molecular de infecção pelo vírus Zika. A galectina-1 (Gal-1), uma proteína endógena capaz de reconhecer glicanas de agentes infecciosos, inibe a infecção causada por outro arbovírus (Dengue). Entretanto, não existem relatos na literatura sobre o papel da Gal-1 na virose causada por vírus Zika. Neste trabalho, foi avaliado o potencial efeito inibitório da Gal-1 na infecção experimental por este vírus. Com o uso das técnicas de Slot-Blot e ELISA demonstrou-se que a Gal-1 foi capaz de interagir diretamente com o vírus Zika (cepa asiática: PE243). O pré-tratamento deste vírus com Gal-1 exógena e a adição concomitante desta proteína com o inóculo viral reduziram a infecção de células A549 (carcinoma epitelial pulmonar humano) e de macrófagos de camundongos BALB/c deficientes (Lgals1-/-) ou não (Lgals1+/+) do gene da Gal-1. A lactose (carboidrato hapteno específico), e não a sacarose (carboidrato hapteno inespecífico), inibiu tanto a interação direta da Gal-1 com o vírus Zika, quanto sua ação anti viral in vitro. Curiosamente, macrófagos Lgals1-/- ou Lgals1+/+ infectados, na ausência de Gal-1 exógena, apresentaram carga viral semelhante e o tratamento da célula A549 com esta proteína, após a infecção, não reduziu a taxa de infectividade. Isso sugere a necessidade da presença de concentrações adequadas da forma ativa da Gal-1 no espaço extracelular para que exerça sua atividade anti viral na fase inicial de infecção. Para testar esta hipótese, células CHO parentais (CHO-K1: não deficientes de ligantes para Gal-1 e secretoras da forma ativa desta lectina) ou mutantes (CHO-Lec8: deficientes de ligantes para Gal-1 e não secretoras da forma ativa desta lectina), ambas transfectadas com o gene desta lectina fusionada à Green Fluorescent Protein, foram infectadas com o vírus Zika. As células CHO-Lec8 são sensíveis aos efeitos citopáticos deste vírus, diferentemente das células CHO-K1, e isto pode estar associado à incapacidade destas células em secretar a forma ativa da Gal-1. Para avaliar o impacto da Gal-1 na infecção in vivo por Zika, camundongos Lgals1-/- ou Lgals1+/+ foram infectados e seus rins e cérebros foram submetidos às análises histopatológicas (H&E). Apenas os órgãos dos animais Lgals1-/- infectados apresentaram padrão robusto de lesão tecidual (redução numérica de glomérulos, retração glomerular discreta, redução de corpos neurais e de células de Purkinje, aumento das células gliais e diminuição da densidade neurofibrilar). No bojo destes resultados, sugere-se que a forma ativa da Gal-1 no espaço extracelular participa da resistência do hospedeiro contra a infecção pelo vírus Zika. Finalmente, entende-se que este trabalho poderá contribuir para o melhor entendimento da fisiopatologia desta arbovirose, e para o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas anti-Zika associadas ao reconhecimento de carboidratos por Gal-1 |